Um antigo intérprete afegão, que ajudou as forças militares nacionais em várias missões em Cabul, foi deixado para trás na operação de resgate realizada, na semana passada, por Portugal na capital do Afeganistão, avança esta segunda-feira a RTP.
De acordo com o canal da estação pública, o homem, cuja identidade não é revelada, estava na lista dos 116 afegãos identificados pelo Governo português, que quatro militares destacados foram incumbidos de trazer para solo nacional.
Antes da operação, o afegão recebeu emails com as indicações para o resgate das forças portuguesas desde dia 20 de agosto e fez tudo o que lhe indicaram. Contudo, a confusão e a multidão no aeroporto de Cabul impediram o ex-intérprete, a sua mulher grávida de oito meses e a sua bebé de nove meses de conseguirem chegar à aeronave na qual eram suposto virem para Portugal.
No dia seguinte, o homem conseguiu chegar sozinho às tropas portuguesas e conseguiu entregar os passaportes a um militar português. De seguida, foi buscar a família mas, mais uma vez, já não conseguiu voltar para o portão de embarque após quatro tentativas.
Para além de não ter conseguido abandonar o país com a sua família, o afegão sublinhou que, para agravar a situação, agora não tem documentos de identificação. Assim, o homem deixou um apelo ao Governo português para que o ajude a si e à sua família a sair do Afeganistão.
Contactado pela RTP, o Ministério da Defesa assumiu falha e esclareceu:
"Os militares portugueses apoiaram o acesso de todas as pessoas que efetivamente conseguiram aproximar-se do portão do aeroporto e entrar no local e garantiram o respetivo embarque em aeronaves de vários países aliados. Portugal (...) continuará disponível para receber todos quantos manifestarem intenção de serem acolhidos, mantendo uma postura proativa na busca de soluções", pode ler-se na resposta enviada pela tutela.
No total, Portugal recebeu, até agora, 61 refugiados afegãos.
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