Numa carta enviada à mulher de Jorge Sampaio, Maria José Ritta, e família, datada de 10 de setembro e à qual a Lusa teve hoje acesso, Xanana Gusmão afirma que a consternação pelo falecimento "apenas é aliviada pelo conforto de ter tido a honra e o privilégio de ter convivido pessoalmente com Jorge Sampaio e pela memória dos seus feitos, ímpares na História comum" de Portugal e Timor-Leste.
"São muitos os momentos que tenho gravados na minha memória e no meu coração, mas não posso deixar de destacar o momento em que chorámos juntos ao contemplar o nascimento de Timor-Leste, em 20 de maio de 2002, projeto que acarinhou e promoveu de forma incansável", adianta o ex-presidente timorense.
Na carta, Xanana Gusmão afirma que, "na sua admirável carreira, (Jorge Sampaio) nunca deixou de defender os direitos humanos dos povos que mais sofrem e de contribuir para a construção de um mundo mais justo e pacífico" e que "isto é certamente verdade para Timor-Leste e para os timorenses".
Xanana Gusmão afirma ainda que Jorge Sampaio "continuará sempre junto dos timorenses, nas memórias e nas preces, pois o seu legado irá continuar a inspirar todos os jovens um pouco por todo o mundo, mantendo viva a promessa de paz, democracia e solidariedade para todos".
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
Depois do velório no sábado, hoje realiza-se o funeral, com honras de Estado, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.