A juíza que condenou João Rendeiro a dez anos de prisão pediu, esta quarta-feira, que fosse emitido um mandado de captura em nome do ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) com base na "confissão" pública que fez de que não tinha intenções de se apresentar à justiça, tornada pública através de um texto no seu blogue, avança a TVI24.
De recordar que Rendeiro, condenado na terça-feira a prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, diz que não pretende regressar a Portugal por se sentir injustiçado e vai recorrer a instâncias internacionais.
Num artigo publicado no seu blogue Arma Crítica, João Rendeiro revela que já pediu ao advogado para comunicar a decisão à justiça portuguesa e diz que se tornou "bode expiatório de uma vontade de punir os que, afinal, não foram punidos".
"É uma opção difícil, tomada após profunda reflexão. Solicitei aos meus advogados que a comunicassem aos processos e quero por esta via tornar essa decisão pública", escreve.
O ex-presidente do Banco Privado Português saiu da Europa para fugir à Justiça portuguesa e não cumprir a pena a que foi condenado. O antigo banqueiro tinha informado as autoridades judiciárias que ia passar uns dias a Londres, em Inglaterra. Rendeiro viajou para Londres este verão e, uma vez lá, saiu para um país fora da Europa, não tendo intenção de regressar a Portugal.
O colapso do Banco Privado Português
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Apesar da sua pequena dimensão, teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.
Na vertente judicial, vários gestores do BPP têm sido condenados pelos tribunais e com penas pesadas, destacando-se o presidente João Rendeiro.
Em maio deste ano, o tribunal condenou Rendeiro a 10 anos de prisão efetiva. Foram ainda condenados Salvador Fezas Vital a nove anos e seis meses de prisão, Paulo Guichard a também nove anos e seis meses de prisão e Fernando Lima a seis anos de prisão.
As condenações foram pelos crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais e resultam de um processo extraído do primeiro megaprocesso de falsificação de documentos e falsidade informática.
Já anteriormente, em outro processo também relacionado com o BPP, Rendeiro tinha sido condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva.
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