No grupo etário dos 80 e mais anos, "temos visto um decaimento da efetividade contra hospitalização, que medíamos em cerca de 80% no primeiro mês após a segunda dose, para cerca 60% quatro a cinco meses após a segunda dose", adiantou o responsável da unidade de investigação epidemiológica do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Em conferência de imprensa em Lisboa, Baltazar Nunes referiu ainda que, nesta faixa etária, as vacinas contra o vírus SARS-CoV-2 apresentam uma proteção contra morte de 87% no primeiro mês após a vacinação completa, percentagem que baixa para cerca de 75% nos quatro a cinco meses seguintes.
Já no que se refere à faixa etária dos 65 aos 79 anos, o especialista do INSA disse que não foi registado um "decaimento da efetividade" contra a doença grave, mas sublinhou que, como estas pessoas foram vacinadas posteriormente, o tempo de observação para o estudo é menor.
"No grupo etário dos 65 ou mais anos, temos observado sempre, medida de três a quatro meses após a segunda dose, uma efetividade 95% a 93%", disse Baltazar Nunes, ao assegurar que estes estudos do INSA "têm estado em linha com os resultados de outros países que têm aplicado as mesmas vacinas".
De acordo com Baltazar Nunes, os dados permitem também confirmar que a proteção da vacina contra a doença ligeira é menor do que contra a doença grave.
"Temos verificado que a efetividade da vacina contra a infeção sintomática [doença ligeira] tem decaído com o tempo, nomeadamente, na população com 80 ou mais anos, mas também na população com 65 aos 79 anos", referiu.
Nos casos de doença ligeira, a efetividade atingiu um máximo de 70% a 80% no primeiro mês a seguir ao esquema completo de vacinação, mas decaiu para cerca de 30% a 40% após quatro a cinco meses.
Na conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde anunciou que a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19 se inicia na próxima semana, com prioridade às pessoas com 80 e mais anos e utentes de lares e de cuidados continuados
"Vamos iniciar a terceira dose de reforço a pessoas com 65 ou mais anos, sendo que neste grupo etário a prioridade são as pessoas que têm 80 ou mais anos e as pessoas que são utentes de lares e da rede de cuidados continuados e de outras instituições similares", referiu Graça Freitas.
Segundo a responsável da Direção-Geral da Saúde, esta dose de reforço da imunidade "destina-se, nesta fase, às pessoas com mais idade, porque há sempre esta associação entre o fator idade e o fator vulnerabilidade".
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.027 pessoas e foram contabilizados 1.074.109 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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