"Temos hoje um grande desafio que não penso ser 'privilégio' do Brasil que é uma espécie de negacionismo na prática, mais do que um negacionismo teórico que tem existido (...). Mas na prática as pessoas continuam a agir de uma forma que é como se elas negassem a gravidade ou a existência da própria pandemia ou, no caso da vacina, o valor da vacinação", afirmou Sérgio da Rocha.
O cardeal falava no Santuário de Fátima, onde preside à peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de outubro, que hoje começa.
Para o arcebispo de Salvador da Bahia, este "é um desafio muito grande, sobretudo na etapa" que o Brasil está a iniciar agora, "uma flexibilização maior, até além do que deveria ser, de acordo com as diferentes realidades".
"Penso que esta questão de agir negando, mais pelas iniciativas, pelo modo de se comportar, é tão grave ou ainda mais do que aqueles que expressam essa negação teoricamente", declarou.
Para o cardeal, "é claro que se espera das pessoas públicas, daqueles que estão ao serviço" do povo brasileiro e que "exercem autoridade uma redobrada atenção, um redobrado esforço pela influência que exercem sobre as pessoas".
"Se a conduta não for de responsabilidade diante da vida e da saúde no modo de agir, de alguma maneira isso acaba por prejudicar as pessoas. Nós tivemos essa dura lição que já sabíamos de que o vírus não conhece fronteiras", acrescentou.
Antes, o cardeal disse que trazia a Fátima "de um modo especial o clamor dos que mais sofrem do próprio Brasil".
"Desde o início da pandemia, pelas notícias, todos sabem da gravidade da situação que temos vivido. Sem dúvida que alguns passos importantes têm sido dados, trazendo esperança, mas há um caminho longo ainda a percorrer. A pandemia não acabou e há muito ainda para se fazer nos diversos níveis do Brasil, seja federal, seja mais local", declarou.
O arcebispo de Salvador da Bahia e primaz do Brasil preside à peregrinação internacional aniversária de outubro ao Santuário de Fátima.
A peregrinação começa às 21:30, com a recitação do terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra.
Na quarta-feira, às 09:00 é recitado o terço, realizando-se, uma hora mais tarde, a missa, que inclui uma palavra dirigida aos doentes. As celebrações terminam com a procissão do adeus.
O Brasil totaliza 601.213 vítimas mortais e 21.582.738 diagnósticos positivos da doença, registada oficialmente no Brasil no final de fevereiro de 2020.
Leia Também: AO MINUTO: Queimódromo? Houve duas falhas; Itália aperta regras em breve