Médicos avançam com greve geral de três dias em novembro
A decisão foi anunciada esta quarta-feira, após uma reunião, em Coimbra, da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato Independente dos Médicos.
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País Saúde
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) reuniram, esta quarta-feira, para analisar o estado atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os problemas laborais enfrentados pelos seus médicos, e o cenário que se apresentava como provável foi confirmado no final do encontro: vão avançar com uma greve geral de três dias - a 23, 24 e 25 de novembro.
No final do encontro, Noel Carrilho, presidente da FNAM, considerou aos jornalistas que "a situação a que chegou o Serviço Nacional de Saúde e o nível a que estão a ser sujeitos os médicos, a nível de condições de trabalho, é insustentável".
Já as propostas que constam na proposta do Orçamento do Estado para 2022 para o setor da Saúde são "de tal modo insuficientes que mal merecem a nossa consideração".
Assim sendo, e sublinhando que preferiam "avançar para um processo de negociação séria", vão decidir por uma "reivindicação mais dura", ou seja, "a marcação de uma greve geral de médicos no final de novembro".
Já Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, destacou que esta greve tem como "objetivo fundamental exigir o financiamento do Serviço Nacional de Saúde". "Hoje é evidente, um pouco por todo o país, que os médicos, apesar de todos os esforços que têm feito, [...] não conseguem aguentar mais", vincou.
Esta paralisação, avançou ainda "está nas mãos do Governo evitar". O sindicalista ressalvou que, "se houver investimento no SNS, estaremos totalmente disponíveis para que esta forma de luta não seja atingido".
É um momento "depois da vacinação e do controlo da pandemia", de dizer "basta". "É um grito de alerta que queremos fazer a bem do Serviço Nacional de Saúde".
"Médicos estão a ser empurrados para caminho de confronto"
Findo o encontro, e prestadas estas declarações aos jornalistas, em comunicado enviado às redações, a FNAM especifica as reivindicações que os médicos, e os seus sindicatos, consideram que devem fazer parte de "um processo negocial honesto e de reais efeitos práticos".
E as reivindicações são quatro: "a melhoria das condições de trabalho; a defesa da carreira médica, ou seja, de uma diferenciação técnico-científica de qualidade; a justa e adequada remuneração dos médicos; a possibilidade de opção pelo regime de trabalho em dedicação exclusiva, devidamente majorada e acessível a todos os médicos".
FNAM e o SIM salientam que "a exaustão e exasperação dos médicos é notória" e, pode ler-se, "apesar dos constantes apelos, mantém-se a recusa do Governo em investir de forma consequente no SNS e na negociação de condições de trabalho adequadas para os médicos".
"As insuficiências dos serviços de saúde são já indisfarçáveis, com vários serviços a assumirem a rutura de forma pública. A grande maioria não consegue cumprir com os seus compromissos assistenciais, mesmo laborando no limite das capacidades. Esta situação sucede em todos os níveis de Cuidados e por todo o país. São fruto de muitos anos de desinvestimento no SNS tendo sido agravadas pela pandemia", avisam, destacando que este cenário "têm levado à desvinculação dos médicos do SNS".
Mais. Uma vez conhecida a proposta de Orçamento do Estado, consideram que a mesma contém medidas "desproporcionais e desadequadas em relação às reais necessidades do SNS", e com elas "os médicos estão a ser empurrados para um caminho de confronto que não desejariam".
A atual "crise do SNS" que, concluem, "só pode ser ultrapassada (...) com medidas de força, imediatas e sustentáveis, que incluam uma adequada gestão de recursos humanos".
[Notícia atualizada às 19h48]
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