A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26) adotou hoje formalmente a declaração final, com uma alteração de última hora proposta pela Índia, que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
A proposta foi feita pelo ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, que no plenário de encerramento pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.
A Índia quis substituir o fim progressivo - "phase-out" por uma redução progressiva - "phase down" -, uma proposta que foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.
Para as organizações ZERO, Oikos e a FEC, esta emenda "mostra a enorme dependência de muitos países deste combustível fóssil em particular, que é um elemento fundamental da descarbonização global".
Sobre o evento, afirmam que "as medidas adequadas no combate à crise climática exigiam uma resposta satisfatória em todos as frentes: mitigação, adaptação, financiamento e justiça climática".
"Em nenhuma delas esta COP cumpriu inteiramente. Ficámos bem aquém de assegurar uma trajetória que garantisse um aquecimento não superior a 1,5°C em relação à era pré-industrial. Trata-se de um 'status quo' iníquo, para a resolução do qual a 26.ª Cimeira do Clima não deu os contributos necessários. Contudo, se o texto final não agrada inteiramente a ninguém, não deixa de ser uma base para progressos futuros".
As três organizações, que estiveram presentes na 26.ª Cimeira do Clima, consideram que "a confirmação da ausência na cimeira do presidente Chinês, Xi Jinping, e a falta de novos compromissos significativos da parte da China na redução das emissões, nomeadamente já a partir de 2025, como a ciência indica ser imprescindível, foi uma desilusão".
"Os presidentes da Rússia e do Brasil também decidiram não comparecer, o que não ajudou em termos do sinal que os líderes devem passar sobre a importância deste problema e destas negociações decisivas", prosseguem as organizações.
E adiantam: "Na frente da ambição, eram precisas medidas de mitigação para conter o aquecimento do planeta em 1,5°C, o limite máximo de segurança para evitar um aumento dramático de fenómenos climáticos extremos".
"A Índia apresentou um conjunto de metas, as quais, sem serem particularmente ambiciosas, tal como a da neutralidade climática apenas em 2070 ou a da incorporação de mais energias renováveis até 2030, representaram um sinal importante em termos de comprometimento futuro daquele que é o terceiro maior país em termos de emissões no mundo".
Também o acordo alcançado de redução até 2030 das emissões de metano, o segundo gás mais importante em termos de emissões e responsável por cerca de 30% do aquecimento global, foi "um passo muito significativo, pois este gás é uma peça chave para reduzir as emissões até 2030".
As organizações acreditam que a COP26 vai "a prolongamento" na Cimeira do Clima no Egito, em 2022.
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