Segundo um balanço feito pela Fenprof, esta quinta-feira em conferência de imprensa, desde o início do ano letivo estiveram a concurso na contratação de escola 6.739 horários que, entre horários completos, incompletos, anuais e temporários, totalizam cerca de 81 mil horas.
O número de horários por preencher neste regime, a que as escolas recorrem quando não conseguem ocupar todos os lugares através das reservas de recrutamento, estabilizou nas últimas semanas, mas na terça-feira encontravam-se ainda a concurso 394 horários, o correspondente a 4.200 horas.
Segundo Vítor Godinho da Fenprof, que reuniu os dados, estes números traduzem-se em cerca de 964 turmas, entre 20 mil a 30 mil professores, que não têm ainda todos os professores e, por isso, continuam sem aulas a algumas disciplinas.
Olhando para a contratação de escola, a carência de professores tem-se mantido relativamente estável ao longo das últimas seis semanas, depois de ter atingido um pico entre 20 e 24 de setembro.
A situação é mais grave no distrito de Lisboa, onde desde 15 de setembro estiveram a concurso na contratação de escola 2.993 horários, 43% do total.
Seguem-se os distritos de Setúbal (1.321 horários, o equivalente a 18% do total), Faro (566 horários, 10,5%), Porto (286 horários, 4%), Santarém (251 horários, 4%) e Beja (204 horários, 3,5%).
Por grupos de recrutamento, Informática é o caso mais problemático, com 831 horários na contratação de escola desde o início do ano letivo, seguindo-se Física e Química (573), Português (539), Inglês (472) e Matemática (447).
Durante a apresentação dos dados, Vítor Godinho deu exemplos concretos de escolas onde faltam professores, referindo a Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos, onde há 18 turmas sem Informática, a Escola Básica 2, 3 D. Sancho I, no Cartaxo, com sete turmas sem Espanhol ou a Escola Secundária de Bocage, em Setúbal, com seis turmas sem professor de Matemática e/ou Física e Química.
O problema da falta de professores foi reconhecido na quarta-feira pelo Ministério da Educação, depois da apresentação de um estudo da da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, divulgado hoje, que estima que dos 120 mil docentes em funções no ano letivo 2018/2019 deverão aposentar-se 39% até 2030/2031.
Para tentar resolver os horários por preencher, a tutela criou uma 'task-force' constituída por elementos da Direção-Geral de Estabelecimentos de Ensino e da Direção-Geral da Administração Escolar, que vão colaborar diretamente com as escolas para avaliar as situações de carência em concreto.
A medida foi considerada pela Fenprof como um movimento de "ilusionismo" porque os diretores escolares têm competência para resolver a falta de professores, mas já esgotaram todas as possibilidades, e lamentou que "só agora, que está de saída, o ministro [Tiago Brandão Rodrigues] percebeu que faltam professores nas escolas".
"A julgar pelas declarações de Tiago Brandão Rodrigues (...) só agora é que o ministro da Educação parece ter-se apercebido que as escolas portuguesas se debatem com um gravíssimo problema de falta de professores. É lamentável que ao longo de seis anos o Ministério da Educação sempre tenha ignorado e desvalorizado este problema e só agora, que está de saída, aparente querer resolvê-lo com medidas que não passam de um 'truque de ilusionismo'".
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