"Penso que, quer eu, quer Rui Rio, (...) os dois nos devemos a este compromisso: a lealdade institucional e também dar aos portugueses uma solução para que, depois de dia 30 [de janeiro], o país não fique sem solução. Portanto, os nossos egos são importantes, mas não são aquilo de que o país precisa", afirmou André Ventura aos jornalistas à entrada para o pavilhão onde decorre o IV Congresso do Chega.
Segundo o líder do Chega, com a vitória de sábado de Rui Rio nas eleições diretas do PSD, as "cartas estão em cima da mesa" e "nada vai mudar até 30 de janeiro", em referência ao facto de o líder social-democrata ter anunciado que iria abdicar de formar Governo caso isso dependesse do partido de André Ventura.
"Agora, os eleitores do PSD tradicionais, que votaram na Aliança Democrática nos anos de 1980, em Pedro Passos Coelho, em Durão Barroso, têm que se perguntar se preferem governar com o PS ou se preferem governar à direita", indicou.
Ventura sustentou que as próximas legislativas vão ser a "prova viva de como é que está o eleitorado em Portugal", considerando que, "se há uma parte de eleitores de direita que prefere votar à esquerda, Rui Rio terá uma votação tendencialmente perto de maiorias, se a maior parte dos eleitores preferir uma direita que não tenha medo de dizer que é de direita, então o Chega ultrapassará os 10% e caminhará provavelmente para os 15%".
"No dia 30 os portugueses vão-se perguntar: muito bem, há 10% ou 15% [para o Chega] e depois há 20% e tal ou 30% [para o PSD], qual é a solução? Se Rui Rio preferir dizer, 'mesmo assim a solução é governar com o PS', pois nós continuamos na oposição e continuaremos com gosto e garra a fazer o nosso trabalho", salientou.
André Ventura disse ainda que, hoje de manhã, o Presidente da República lhe ligou para felicitá-lo pela reeleição para a presidência do Chega -- Ventura ganhou as eleições diretas a 06 de novembro, mas tomou posse esta sexta-feira --, o que, segundo o líder partido, "mostra um quadro institucional de cooperação".
"Prometi [ao Presidente] colaboração institucional e também a estabilidade e a tranquilidade para que, depois das eleições, possamos arranjar soluções. (...) Deixei claro, expressamente, ao Presidente que a ideia era, depois das eleições de dia 30 de janeiro, estar do lado da solução e não do problema", frisou.
O IV congresso do Chega decorre desde sexta-feira na Expocenter, em Viseu, e deverá terminar na tarde de hoje com a apresentação dos resultados das listas para os órgãos nacionais e o discurso de encerramento de André Ventura.
Leia Também: Congresso do Chega termina com eleição de órgãos nacionais