Gonçalo Paixão, trabalhador de 20 anos, vive em Sintra e conta à Lusa que é reduzida a oferta de transportes públicos, seja na ferrovia seja em autocarros, carreiras que diz que ainda foram mais prejudicadas na crise pandémica.
"Nao chegam aos sítios a que é necessário chegar e os autocarros são de uma empresa privada que não garante oferta aos fins de semana, feriados, quando as pessoas querem passear e visitar o resto do distrito. O que dá mais dinheiro é o pessoal ir para o trabalho e quando tambem são necessários, aos fins de semana e feridos, não atuam", disse em declarações à Lusa, durante a concentração do protesto no Príncipe Real.
Com um autocolante na lapela dizendo "capitalismo não é verde", o jovem trabalhador considera que o sistema de produção capitalista e os grandes negócios que este propicia (caso das petrolíferas) têm um "impacto esmagador" no ambiente.
Já sobre se as gerações mais velhas estão alheadas desta luta, Gonçalo Paixão considera que os jovens estão mais empenhados por serem os que têm de viver mais tempo "com as consequências que estes problemas irão impor", mas que "existe muita gente, mesmo pessoas idosas, disposta a lutar por um melhor mundo".
Para Maria Mesquita, trabalhadora-estudante de 19 anos a viver em Lisboa, a solução para a crise climática e a mobilidade não pode passar pelo transporte individual elétrico, mas por uma rede de transportes públicos adequada e que responda às necessidades das diferentes populações, e surgiu vestida de pai natal para exigir isso mesmo na manifestação.
"Somos dos países da União Europeia que mais usamos o transporte individual porque somos obrigados. A resposta é uma rede de transportes públicos e melhores condicões nos transportes para que nao sejamos obrigadados a usar o veículo individual todos os dias", afirma à Lusa.
Bianca Castro, estudante de 20 anos e uma das responsáveis pela organização, diz que o protesto exige neste Natal "investimento musculado" nos transportes, reforço de rotas e horários, assim como mais trabalhadores e com melhores condições laborais.
"A solução nao é a massificação de carros elétricos ou impostos verdes mas investir em transportes públicos acessíveis a toda a gente" disse, considerando que o investimento do Governo nos transportes públicos "não é de todo suficiente".
Além disso, acrescentou, a fraca oferta de transportes públicos prejudica a coesão do país e "reforça o isolamento social de comunidades já marginalizadas", defendendo medidas sérias a nível nacional.
Oriunda de Odemira, Bianca Castro deu o exemplo de Luzianes-Gare onde "praticamente não há transportes públicos e a estação de comboio foi fechada em 2012".
O protesto seguiu do Príncipe Real até ao miradouro de São Pedro de Alcântara com faixas com frases como "transportes públicos gratuitos para todos" ou "justiça social = justiça climática" e palavras ds ordem como "mobilidade não tem preço, quero o o mundo que mereço", "o lucro é mais poluente do que toda esta gente" ou "ai ai ai se eu lutar o sistema cai".
O percurso da manifestação levou a longas filas nos carros que se dirigiam ao centro do Chiado, com vários condutores a protestarem buzinando.
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