A "grave lacuna na assistência na doença aos habitantes" da Nazaré é denunciada numa moção aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal (AM) e divulgada hoje pela Câmara, em que os deputados solicitam ao Governo a resolução de vários problemas em termos de respostas de saúde no concelho.
Na moção, apresentada pelo PSD, os deputados alertam para a insuficiência de médicos, motivada pelo facto de "alguns médicos terem sido aposentados sem que os respetivos postos de trabalho fossem preenchidos", e acentuada pelo facto de, desde o início da pandemia de covid-19, "alguns recursos terem sido desviados para outras atividades como a identificação de contactos ou o estabelecimento de medidas de isolamento, entre outros".
O atual contexto pandémico evidenciou, relativamente ao Serviço Nacional de Saúde, "dificuldades estruturais, a sub-orçamentação crónica e a escassez de meios ao nível das infraestruturas e dos recursos humanos", afirmam os deputados, dando o exemplo da Nazaré, no distrito de Leiria, onde dizem haver cerca de quatro mil utentes sem médico de família, sobretudo nas freguesias de Valado dos Frades e Famalicão, onde há apenas um médico para toda a população.
Uma situação agravada pelos "crescentes problemas do Hospital de Santo André, em Leiria, que condicionam outros hospitais como o de Alcobaça, deixando a população [da Nazaré] desprotegida e sem acesso à saúde".
Os subscritores da moção consideram "vergonhoso" que a tutela não tenha ainda criado condições para que o centro de saúde da vila, inaugurado em março deste ano, realize "um atendimento condigno, criando para tal uma central telefónica capaz de atender e prestar um serviço eficaz a esta população", bem como mecanismos para atrair e fixar médicos.
Numa altura em que o número de infetados e mortos relacionados com a pandemia voltou a subir e em "vésperas de vacinar as crianças do concelho", os deputados entendem que o executivo deve pressionar a tutela para a "criação de um espaço (no exterior ou interior) do centro de saúde, com condições adequadas à receção dos utentes em espera, quer para a vacinação ou outro serviço", e consideram prioritária "a criação de um espaço de testagem de reforço [durante a época natalícia] e quiçá de vacinação".
Tanto mais que "face à sobrelotação dos centros de testagens, farmácias e laboratório, que não estão a dar vazão aos inúmeros pedidos, grande parte das crianças (por não terem os testes epidemiológicos feitos nos 'timings' adequados) estão a ficar retidas em casa e impedidas de frequentar a escola, assim como as suas famílias condicionadas de trabalhar e circular livremente, ou pelo contrário, a propagar o vírus por falta de resultados", pode ler-se na moção.
Além dos benefícios para a população local, a moção defende que este apoio poderia servir também para os visitantes que quisessem ser testados, podendo desta forma frequentar os restaurantes e contribuir para a economia local.
Na moção, os deputados pedem que o centro de testagem e vacinação possa ser instalado num espaço do município e que "as falhas na realização dos testes epidemiológicos sejam rápida e eficazmente colmatadas, já que as crianças precisam de ter estabilidade, conforto e bem-estar, neste momento que se espera de afluência massiva, assim como os restantes utentes do SNS na prestação dos cuidados de saúde".
O documento, enviado ao Ministério da Saúde e ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste-Norte, exige ainda a contratação de mais médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica, que respondam às necessidades de cuidados de saúde primários e hospitalares da Nazaré.
Os deputados querem também que "sejam verificados e resolvidos os problemas relativos ao atendimento telefónico aos utentes" do Centro de Saúde e que a Assembleia seja informada sobre as medidas que forem tomadas para resolver os problemas agora denunciados.
A covid-19 provocou mais de 5,33 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.778 pessoas e foram contabilizados 1.225.102 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
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