"Ómicron é a prova de que é um erro não apoiar os países mais pobres"

Francisco Louçã manifestou, na noite desta quinta-feira, que considera "absurdo" e "chocante" que as vacinas sejam comercializadas a valores vinte vezes acima do preço de custo. Quanto às medidas anunciadas esta semana pelo Governo, o antigo coordenador do BE acredita que "chegaremos à conclusão que não foram suficientes".

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Tomásia Sousa
23/12/2021 23:54 ‧ 23/12/2021 por Tomásia Sousa

País

Francisco Louçã

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã usou, esta quinta-feira, o seu espaço de comentário na SIC Notícias para insistir na ideia que deveria ter sido feita pressão sobre as farmacêuticas para exigir a disponibilização das patentes das vacinas contra a Covid-19.

Depois de apresentar um gráfico com a margem de lucro da Moderna e da Pfizer com as respetivas vacinas, o comentador concluiu que é "absurdo" e "chocante" vender o fármaco a vinte vezes o preço de custo.

"A pressão que se podia ter feito sobre as farmacêuticas era exigir-lhes a disponibilidade das patentes", defendeu, sublinhando que isso permitiria "conseguir que muito mais fábricas produzissem" as vacinas ou, pelo menos, negociar para que as farmacêuticas baixassem o preço.

O tema surgiu depois de o bloquista ter comentado o facto de que a nova variante do coronavírus "surpreendeu" pela capacidade de propagação tão rápida e de ter recordado que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já referiu que as doses de reforço são "inúteis".

Em causa estão as palavras do diretor-geral da OMS, esta semana, ao advertir que nenhum país sairá da pandemia com doses de reforço de vacinas. Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, as vacinas de reforço "tendem a prolongar a pandemia em vez de acabá-la, desviando as doses disponíveis para países que já têm altas taxas de vacinação, dando assim ao vírus mais oportunidades de se espalhar e sofrer mutações".

Nesse sentido, também Francisco Louçã considera que a "Ómicron é a prova conclusiva de que é um erro não apoiar os países mais pobres e de grandes populações no combate à pandemia".

O economista salienta ainda que, por cá, já se registaram 10 mil casos diários de Covid-19, e prevê que o país possa chegar aos 20 mil nos próximos dias.

Por isso, defende que o Governo "joga mais pelas aparências do que pelos factos" com as medidas anunciadas esta semana.

"Acho que chegaremos à conclusão que não foram suficientes", considerou Francisco Louçã, defendendo que "há situações contraditórias" no pacote de medidas anunciado.

Para o antigo coordenador do BE, "não tem muito sentido fechar discotecas e bares e permitir eventos" ou poder "haver festas em espaços abertos".

Ainda assim, Louçã reconhece que, mesmo com a nova variante, e apesar de o país ter mais casos agora do que a 22 e 23 de dezembro do ano passado, tem "seis vezes menos mortes, três vezes menos pessoas internadas em enfermarias e três vezes menos pessoas nos cuidados intensivos".

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