"O que se passa é que a Graciosa tem um número de polícias reduzido. E isso é extensível a todas as esquadras nos Açores. Em muitas esquadras da região o que está a acontecer é que, por vezes, só têm um elemento de serviço e, quando há uma ocorrência, têm de fechar a esquadra", explicou à Lusa o coordenador regional da ASPP/PSP.
Segundo Paulo Pires, "há oito anos, o Comando Regional dos Açores tinha 920 efetivos e hoje em dia tem 700".
"São menos 200 profissionais", frisou o sindicalista, acrescentando que "há um desinteresse total por parte da tutela -- o Ministério da Administração Interna -- para a situação nos Açores".
Paulo Pires disse que a ASPP/PSP já deu a conhecer esta problema aos líderes parlamentares e vai brevemente abordá-lo com o presidente do Governo Regional açoriano "para fazer pressão".
Outra questão é que, entre os poucos efetivos, muitos estão de baixa ou fora por outros motivos, o que reduz ainda mais o número de polícias "para o serviço operacional".
Por causa desse número reduzido de operacionais, a esquadra da Graciosa foi confrontada este mês e em novembro passado com dois episódios de pessoas que entraram e causaram distúrbios.
No primeiro fim de semana do ano, uma pessoa "exaltada, alcoolizada e eventualmente medicada" causou danos dentro da esquadra e dirigiu-se de seguida para o centro de saúde, onde também causou distúrbios, mas onde foi acalmado, indicou o sindicalista.
Num comunicado divulgado na quinta-feira, a ASPP/PSP fez um "pedido de ação forte" à direção nacional da PSP "que permita o fim das perturbações que se têm verificado na esquadra da ilha Graciosa, nos Açores, com episódios descontrolados, como as várias invasões da própria esquadra".
Na nota, a estrutura sindical frisou que "a aparente descontrolada gestão de recursos, a falta de efetivos e a insegurança das instalações continuam sem solução".
"A ausência de meios promove uma dificuldade gritante na gestão de qualquer esquadra e, naturalmente, na execução da missão inviabilizando, por exemplo, a resposta às chamadas e um patrulhamento devidamente organizado e efetivo", referiu a ASPP/PSP.
Para o sindicato, "está em causa a segurança daqueles que deveriam garantir segurança aos cidadãos".
"Este quadro traduz, por ação ou omissão, uma responsabilidade dos que têm a incumbência de gerir o interesse coletivo e a segurança pública, através de opções e ação política", lê-se no comunicado.
A ASPP/PSP defende que "há que atuar com urgência para proteger os polícias e, consequentemente, as comunidades que servem".
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