"Rezo para que a esmagadora maioria se mantenha fiel ao legado do Papa"

O bispo de Setúbal apontou que, após o Sínodo, constatou que "a esmagadora maioria das coisas foram aprovadas pela maioria dos presentes".

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© Carlos Pimentel/Global Imagens

Notícias ao Minuto
23/04/2025 22:21 ‧ há 5 horas por Notícias ao Minuto

País

Américo Aguiar

O cardeal Américo Aguiar disse, esta quarta-feira, estar convicto de que "o legado de Francisco continuará" e que a "fraternidade universal" cultivada pelo Papa "fará mudar o mundo, com toda a certeza".

 

"Mais de 80% dos atuais cardiais eleitores foram escolhidos pelo Papa Francisco. Desejo, quero, acredito, rezo para que esta esmagadora maioria se mantenha fiel ao legado do Papa Francisco, porque não quero acreditar que possa ser de outro modo. Independentemente do eleito, quero, desejo e rezo para que a fraternidade universal, o 'todos, todos, todos' que ganhou eco especial no coração da humanidade exatamente a partir de Lisboa, [que] o legado de Francisco continuará", disse, em declarações à SIC Notícias.

O bispo de Setúbal apontou ainda que, após o Sínodo, constatou que "a esmagadora maioria das coisas foram aprovadas pela maioria dos presentes", pelo que, ainda que tenha "consciência que estes 135 homens pensam cada um com o seu coração, com a sua mente, com a sua experiência", crê que "não deixarão de ter consciência de que somos herdeiros deste legado".

"O Papa Francisco ensinou-nos que o que é importante é ouvirmo-nos uns aos outros. O problema não é as pessoas pensarem diferente - isso deve acontecer com toda a naturalidade - mas estarmos unidos e em comunhão naquilo que é essencial. [...] O Papa Francisco nomeou-nos com o seu coração, apostando que daríamos continuidade a esta fraternidade universal, que fará mudar o mundo, com toda a certeza", concretizou.

Não me esqueço do seu sorriso aberto, da sua alegria, do seu empenho, da sua dedicação. Por isso ecoa no meu coração, 'todos, todos, todos'

Américo Aguiar apontou não considerar ser "muito saudável irmos para o conclave já com prévia lista, nomes ou decisões" sobre o candidato a eleger. Ao invés, disse estar "de coração aberto, totalmente aberto".

"A única coisa que levo que pode condicionar é o terço da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que levo no pulso, para rezar, mas também para fazer com que todos os jovens e todos os que se empenharam na JMJ também se sintam presentes, dentro do conclave, e sempre que olhar o terço para rezar me lembrar desse milhão e meio que peregrinaram a Lisboa e que fizeram a alegria do coração do meu querido Papa Francisco", disse.

E acrescentou: "Não me esqueço do seu sorriso aberto, da sua alegria, do seu empenho, da sua dedicação. Por isso ecoa no meu coração, 'todos, todos, todos'. Isto não pode ser um slogan, tem de ser a Igreja real, na proximidade de todos os irmãos e irmãs."

"Será diferente se for um coração da Ásia ou da África ou da América Latina ou da Europa"

O cardeal deu conta de que, agora, os responsáveis pela escolha do novo Papa participam "todos os dias" nas congregações gerais, e assinalou que "há um problema novo neste século XXI, ano 2025: os cardeais não se conhecem". Américo Aguiar indicou, assim, ser "muito difícil podermos aferir o que é que cada um pensa ou vai fazer".

"Já não existe a preponderância do continente europeu, já não existe a preponderância de continente nenhum. Temos cardeais de 70 países. Acho que, a partir do momento em que o Papa é eleito, deixa de ser do continente A ou do continente B. Agora, estes encontros [são importantes] para conhecer os meus irmãos, os meus colegas, para tentar saber o que pensam, o que propõem, quais são as prioridades que têm nos seus corações. Será diferente se for um coração da Ásia ou da África ou da América Latina ou da Europa. Por isso, acho que o conclave pode, porventura, ser um bocadinho mais demorado do que nas últimas vezes", explicou.

Américo Aguiar exemplificou que, se em 2013 foram necessárias cinco votações "e já se conheciam", desta vez, com "esta realidade nova, de tanta diversidade de proveniências e histórias de vida", dará azo a "um bocadinho de mais de trabalho", apesar de ser "uma riqueza".

"Acho que uma coisa que me vai dominar na entrada da Capela Sistina, mais do que palavras, são gestos. Medo, respeito, responsabilidade, peso da missão que recai sobre mim e sobre todos, mas também o eco no coração daquilo que o Papa Francisco tantas vezes disse, mesmo em Lisboa: 'Não tenhais medo'", assim como os seus antecessores.

Contudo, o cardeal assumiu que "humanamente" tem medo, mas acredita que, "quando começar, e quando as portas se fecharem, o Espírito Santo vai ajudar e vai dar força e vai fazer com que este medo se transforme em esperança, certa e caminho de redescobrimos o que Deus quer para o mundo de hoje, na figura de um dos meus irmãos que está presente na Capela Sistina".

"Não nos esqueçamos que estamos a falar de pessoas, de irmãos e de irmãs"

Questionado sobre as declarações do líder do Chega, André Ventura, que acusou o Papa Francisco de destruir "as bases da Igreja Católica" com a sua defesa dos migrantes, Américo Aguiar recordou não só que se tratam "de pessoas", mas também que o próprio pontífice é filho e neto de migrantes, tendo vivido "na pele [esse] drama". "Não nos esqueçamos que estamos a falar de pessoas, de irmãos e de irmãs", apelou.

"Não concordo absolutamente sobre essa leitura, como é óbvio, e apelo a que homens e mulheres que estão na vida pública e na vida política não ostracizem e descartem irmãos e irmãs que procuram o nosso país, que sonham uma vida nova, que tem projetos e família. Acho que não há homenagem maior a Portugal e aos portugueses do que uma pessoa de outro país sonhar vir para Portugal", disse.

Leia Também: Vaticano decreta luto de nove dias até 4 de maio e antes do conclave

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