O processo BES/GES que investiga a queda do universo Espírito Santo vai ter mais quatro arguidos.
A decisão foi tomada pelo juiz Ivo Rosa, que aceitou os pedidos de algumas das alegadas vítimas que queriam ver também julgados os funcionários do banco que os aconselharam a subscrever produtos financeiros, avança a SIC Notícias.
No despacho de abertura de instrução a que o canal teve acesso, o magistrado marca a próxima sessão para o dia 21 de fevereiro - o que dependerá de haver sala disponível no Campus da Justiça, em Lisboa.
A fase de instrução do megaprocesso no qual Ricardo Salgado é o principal arguido vai começar em breve.
No final de 2021, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) deduziu acusação contra uma sociedade de advogados e sete pessoas singulares. Segundo o DCIAP, em causa estarão crimes de corrupção ativa com prejuízo do comércio internacional, branqueamento, corrupção passiva no setor privado e falsificação de documento que começaram há uma década (2011/2012) e se prolongaram até junho de 2014.
Estes crimes representaram vantagens num valor superior a 12,2 milhões euros, segundo o DCIAP. Fonte próxima do processo confirmou à Lusa que Ricardo Salgado, é uma das sete pessoas singulares acusada neste processo autónomo do universo BES/GES. O ex-banqueiro, de 77 anos, está acusado dos crimes de corrupção ativa com prejuízo do comércio internacional e branqueamento.
Esta investigação ficou concluída no âmbito de um inquérito autónomo do processo principal sobre o universo BES/GES, no qual o Ministério Público (MP) deduziu acusação em julho de 2020, apurando em 11.800 milhões de euros o "valor que integra o produto de crimes e prejuízos com eles relacionados".
Foram acusados 25 arguidos (18 pessoas e sete empresas, nacionais e estrangeiras), destacando-se Ricardo Salgado, com 65 crimes: um de associação criminosa, 29 de burla qualificada, 12 de corrupção ativa, nove de falsificação de documento, sete de branqueamento de capitais, seis de infidelidade e um de manipulação de mercado. A fase de instrução deste processo deve arrancar no início de 2022, tutelada pelo juiz Ivo Rosa.
Paralelamente, Ricardo Salgado está já a ser julgado num processo conexo da Operação Marquês por três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros no âmbito da Operação Marquês.
A defesa do antigo presidente do BES apresentou em outubro um requerimento para a suspensão do julgamento, fundamentado por um atestado médico que certificava o diagnóstico de Doença de Alzheimer, mas essa pretensão foi rejeitada pelo coletivo de juízes, pelo que o julgamento prossegue, tendo sessão marcada para 06 de janeiro.
Mulher de Ricardo Salgado ouvida por Ivo Rosa
Nesta terça-feira, Maria João Salgado, mulher de Ricardo Salgado, pelo juiz Ivo Rosa no âmbito do Caso BES, noticia a CNN Portugal. Em causa está uma "possível devolução de 700 mil euros de uma conta bancária no Deutsche Bank", em seu nome, que se encontra arrestada preventivamente.
Recorde-se que, também num caso que envolve a esposa de Salgado, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou, na semana passada, um recurso de Maria João Salgado contra o arresto preventivo de duas mil ações da sociedade 'Casa dos Pórticos', de que diz ser proprietária.
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