"A comunidade olha hoje para os cientistas com muito mais reconhecimento e admiração e, até, curiosidade pelo que estão a fazer, porque percebem que é desta ciência que nascem as soluções que depois resolvem os problemas às pessoas. E problemas graves", disse à agência Lusa o vice-presidente do grupo farmacêutico sediado em Coimbra.
Adiantou que a pandemia "trouxe notoriedade à ciência, para além do ambiente científico".
Outra dimensão associada à pandemia, frisou Sérgio Simões, está diretamente relacionada com a investigação científica: "Os cientistas sentem que é possível [encontrar soluções como a das vacinas]. Isto afinal não é sempre um caminho de 10, 12 anos, que custa não sei quantos mil milhões de dólares para chegar ou que está reservado apenas a alguns".
"Não. As pessoas que chegaram e trouxeram soluções que salvaram milhares e milhares de vidas eram dois cientistas normais, um casal que vivia num apartamento, que fazia ciência, que se preocupa essencialmente a ir a congressos, em publicar [em revistas científicas]", disse Sérgio Simões, aludindo aos cientistas turcos, imigrantes na Alemanha, que criaram a BionTech, a empresa que se associou à Pfizer na criação de uma das vacinas contra a covid-19.
"Em determinada altura das suas carreiras, resolveram perceber onde é que há valor, criar uma empresa e essa pequena empresa, um dia, transformou-se numa empresa que trouxe uma solução ao globo, esse é um estímulo para os cientistas", argumentou.
Sérgio Simões observou que o casal de cientistas turco "se enquadra como um outro qualquer casal de cientistas, que abundam em Portugal".
"Completamente focados, dedicados à ciência, a viver pela paixão da ciência. Mas que, de repente, o grande salto que deram foi criar uma empresa. E foram criando proteção intelectual, criando o tal valor e, um dia, veio um gigante. E esse gigante reconhece que o valor que eles têm os pode levar ao mundo inteiro. E levou", notou o vice-presidente da farmacêutica portuguesa.
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