Para Filipe Froes, pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, o levantamento das medidas de contenção da Covid-19 em países como a Dinamarca e a Finlândia representa “uma situação de esperança, […] fruto de todas as medidas que foram feitas até agora”. Em entrevista à CNN Portugal, o responsável adiantou que, apesar do atraso na cobertura vacinal, Portugal poderá estar no mesmo patamar já este mês.
“O que aconteceu na Dinamarca é que deixaram de considerar a pandemia uma doença crítica, e estão a evoluir para uma fase mais endémica, mais normal. É previsível que Portugal, que está um bocadinho atrasado em termos de momento de pandemia, em termos de taxa de cobertura vacinal de reforço, evolua também para a mesma situação. Diria que essa data é possível e previsível no final deste mês, provavelmente na segunda quinzena de fevereiro”, apontou.
Ainda assim, o médico alertou que, até lá chegarmos, “precisamos de vacinar e de proteger provavelmente mais cerca de 500 mil pessoas com idade igual ou superior a 50 anos que ainda podem ter doença grave”, e recorda que, enquanto Portugal tem cerca de 50% da população vacinada com a dose de reforço, a Dinamarca tem 60%.
Apesar de tudo, Filipe Froes atentou que, “como temos esta capacidade de vacinação já instalada, que nos vai permitir atingir estes números dentro de uma ou duas semanas”, justifica-se seguir os passos da Dinamarca e da Finlândia, o que “será certamente uma das primeiras medidas que o governo terá em consideração”.
Colocando o ênfase na vacinação, o médico considera que teremos de aliviar “progressivamente estas medidas, sobretudo com mais prudência nas pessoas mais vulneráveis”, que devem privilegiar os cuidados ainda impostos, principalmente em situações de aglomerados populacionais.
“O risco de condicionarmos novos casos ainda é real”, salientou.
Contudo, questionado quanto à capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) face a um aumento significativo do número de contágios após o levantamento das restrições, Filipe Froes afastou um possível cenário de rutura.
“Quando abrirmos, grande parte da nossa população ou está vacinada, ou já teve a infeção. Portanto, não é previsível que tenhamos outra vez um aumento do número de casos graves. Se aguentámos o número de casos graves agora, certamente teremos condições para lidar com eles no futuro”, esclareceu.
O responsável rematou que, a seu ver, parece “extremamente importante uniformizar os intervalos para a toma de reforço para três meses”, de modo a “garantir uma maior adesão vacinal e uma maior taxa de cobertura vacinal”, para que estejamos “mais preparados, com os outros países da Europa, para a abertura progressiva do mundo”.
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