O advogado do jovem de 18 anos suspeito de preparar um atentado terrorista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa defendeu hoje, à saída do Campus de Justiça, que "este processo vai fazer história no país" e admitiu contestar a medida de coação aplicada, a prisão preventiva.
"Acho que este processo vai fazer história no país. É o primeiro e espero que seja o último", afirmou Jorge Pracana, acrescentando: "Se será terrorismo? Não sei, há que apreciar."
Sobre o facto de o estudante do primeiro ano de Engenharia Informática ter ficado em silêncio, na sessão desta manhã, a defesa considerou ter sido uma "decisão plausível face aos factos em discussão".
Jorge Pracana admitiu também que vai contestar a prisão preventiva decretada ao jovem, estando apenas a aguardar "o envio de alguns documentos" que podem ajudar a reverter a decisão. "É uma medida de coação ajustada e que pode ser revista e deverá ser, porque vou requerer nesse sentido", assumiu.
De acordo com fonte oficial do tribunal, cita a Lusa, o arguido ficou indiciado pelos crimes de terrorismo e detenção de arma proibida, com a juíza de instrução a decidir pela medida de privação da liberdade devido a "fortes indícios de existir a continuação da atividade criminosa e da perturbação da tranquilidade pública".
Sobre a indiciação por terrorismo, o advogado defendeu que essa "é uma avaliação que terá de ser feita com calma" mas, quanto à justificação que sustenta a prisão preventiva, Pracana apontou o dedo à comunicação social e defendeu que a "'tranquilidade pública’ é um conceito muito abstrato".
O estudante, de 18 anos, foi ontem detido pela Polícia Judiciária, que diz ter impedido assim uma "ação terrorista" e ter apreendido várias armas proibidas.
Em comunicado com o título "Impedida ação terrorista", a PJ diz que a investigação que levou à detenção foi desencadeada "por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa".
Através da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT), a PJ encetou hoje a operação, cumprindo mandados de busca domiciliária. "Face à gravidade das suspeitas, foi atribuída a máxima prioridade à investigação, a qual permitiria, no dia hoje, às primeiras horas do dia, interromper a atividade criminosa em curso", detalha.
Segundo a PJ, foram apreendidos "vastos elementos de prova, que confirmariam as suspeitas iniciais". Além de armas proibidas foram apreendidos outros artigos, "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear".
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