Despedimento. Trabalhadores do Santander 'leiloam' relógios em protesto

Mais de uma dezena de trabalhadores do banco Santander Totta reuniram-se hoje junto a um edifício do banco, em Lisboa, para realizarem um protesto simbólico onde 'leiloaram' relógios oferecidos aos funcionários por 30 anos de trabalho.

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Lusa
14/02/2022 19:49 ‧ 14/02/2022 por Lusa

Economia

Santander

"Neste momento está a decorrer a cerimónia da entrega dos relógios a quem fez 30 anos [no banco] em 2021. Claro está que, como despedidos, não fomos convidados, mas são muitos os colegas que foram levados a aceitar a RMA [rescisão por mútuo acordo], reformas antecipadas e suspensões de contrato nas mesmas circunstâncias", disse à Lusa Débora Óscar, uma das trabalhadoras abrangidas pelo despedimento coletivo.

Débora Óscar apontou ainda que para alguns trabalhadores estas foram "benéficas", mas que "muitos ainda tinham algum tempo [pela frente] até poderem levar a reforma por inteiro".

A trabalhadora criticou os dividendos que o banco irá pagar aos acionistas, considerando que a administração "continua a agir como se nada se passasse".

Apesar de ser uma das 49 pessoas afetadas pelo despedimento coletivo, Débora Óscar recebeu um relógio que assinala os 30 anos ao serviço do banco, tendo considerado que a ação é "muito desagradável".

"É uma sensação muito desagradável, dediquei toda a minha vida profissional a esta empresa e, portanto, não estava à espera. É muito desagradável", considerou.

Na iniciativa, onde foram 'licitados' relógios que tinham como base "horas extraordinárias não pagas durante 30 anos", "um mês de salário do presidente da Comissão Executiva" ou "o lucro de 2021", esteve também Horácio Figueiredo, membro da Comissão de Trabalhadores do Santander.

O funcionário, que celebrou 31 anos na empresa em novembro do ano passado, espera que esta ação contribua para uma suspensão do despedimento coletivo dos 49 trabalhadores.

"Nós temos uma expectativa que o banco suspenda esse despedimento, que reintegre esses trabalhadores -- seria a expectativa mais favorável", apontou, admitindo, também, a negociação de "condições dignas com os trabalhadores que estão neste despedimento coletivo", uma vez que "estes não tiveram condições para aceitarem as propostas do banco".

"Se as propostas fossem vantajosas, teriam aceitado e, provavelmente, saído com uma reforma, com uma indemnização melhor. Não foram oferecidas essas condições mínimas para esses 49 trabalhadores", vincou.

Horácio Figueiredo destacou que a ação decorreu no mesmo dia de uma audiência sobre a providência cautelar interposta pelos trabalhadores atingidos pelo despedimento coletivo.

"Por coincidência, hoje está a haver uma audiência de uma providência cautelar aqui no tribunal ao lado do edifício principal do Santander em que alguns dos nossos colegas que estão no despedimento e das próprias estruturas estão", acrescentou.

Débora Óscar espera "vencer" a providência cautelar.

"Estes argumentos que são invocados não têm qualquer sustento. Acredito que, pela força da digitalização, fosse necessário o reforço dos quadros do pessoal (...), mas aproveitar a pandemia para fazer isto de uma forma abrupta e não ter consideração a situação de cada um é inadmissível", concluiu.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) assinalou hoje um mês desde que o banco consumou o despedimento coletivo destes 49 trabalhadores, tendo o presidente da organização, Paulo Gonçalves Marcos, considerado que "a redução do quadro de pessoal no Santander, de 1.175 trabalhadores num só ano, não se justificava, nem era necessária".

Num comunicado hoje emitido, o SNQTB apontou que o seu presidente se reuniu hoje, no Porto, com "alguns dos sócios do sindicato que estão a ser acompanhados pelo departamento jurídico e de contencioso laboral".

O Santander apontou que a entrega de relógios que hoje se realizou foi "um dia de celebração" pelo "trabalho realizado por centenas de colaboradores", e "banco quis distinguir esse contributo entregando um relógio a cada um destes 600 colaboradores", disse à Lusa fonte oficial.

Leia Também: Protestos contra as restrições de combate à Covid-19 chegam a Bruxelas

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