Covid-19 está "endémico". Peritos sugerem "caminho para normalidade"
Governo ouviu esta manhã os peritos, no Infarmed, sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, estando em cima da mesa a possibilidade de aliviar algumas medidas.
© Reprodução Twitter / @antoniocostapm
País Covid-19
Numa altura em que a curva de novos casos de Covid-19 em Portugal entra numa trajetória descendente, os responsáveis políticos voltaram a ouvir os peritos, na sede do Infarmed, em Lisboa, para avaliar a possibilidade de levantar algumas restrições de contenção da pandemia.
De modo geral, os especialistas sugerem que o país já ultrapassou o pico desta quinta vaga da pandemia, a 28 de janeiro, e apontam para uma "sazonalidade na circulação" do vírus.
Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, acredita que a Covid-19 está "objetivamente endémica" e Raquel Duarte, da ARS Norte e do mesmo instituto, apresentou a proposta de um plano de levantamento de medidas em dois níveis. “Caminharíamos para uma situação de normalidade, a que chamamos nível 0", referiu.
Reveja aqui os principais pontos salientados pelos especialistas e, baixo, o vídeo do encontro na íntegra.
Paulo Pinto Leite, DGS
- "A média diária na última semana foi de cerca de dois mil casos. Isso é um aspeto positivo: é que estamos numa fase descrescente relacionada com a onda pandémica onde nos encontramos."
- "O pico da incidência terá ocorrido no dia 28 de janeiro com 2.789 casos a sete dias por 100 mil habitantes"
- "Principais grupos etários afetados foram dos 20 aos 29 e dos 30 aos 39, mas com a abertura das escolas aumentram sobretudo as incidências nos grupos mais novos."
- "Temos uma diminuição da incidência acompanhada de uma descida da positividade."
- "Portugal mantém elevadas coberturas vacinais - 91% da população com esquema vacinal completo."
- "O rico de internamento é 2 a 7 vezes inferior nas pessoas com vacinação completa."
- "Em cada 100 pessoas na faixa etária dos 80 anos ou mais com dose de reforço, só três são internadas."
Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)
- "O risco de transmissibilidade é efetivamente é mais baixo", assinalou o especialista, fixando o Rt atual em 0,76.
- "A esta velocidade de crescimento, em cerca de dois meses podemos atingir uma taxa de incidência muito baixa de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes", nota.
- "A ocupação em UCI esteve bem abaixo de todos os cenários."
- "Há uma potencial sazonalidade que se possa vir a formal na circulação e na atividade epidémica da Covid-19."
- "Em setembro, outubro ou no próximo inverno, pode ocorrer uma nova onda epidémica."
- "Número de óbitos atual encontra-se ao nível do inverno de modalidade baixa a moderada", o que o especialista atribui à cobertura vacinal e à menor gravidade da variante Ómicron.
Ana Paula Rodrigues, do INSA
- "Há uma possibilidade de uma sazonalidade na circulação da SARS-Cov-2."
- "É possível que haja, ao longo do tempo, uma variação do nível de imunidade fruto do decaímento da imunidade conferida quer pelas vacinas quer pela infeção."
- "Ao mesmo tempo, não vai ser necessário nem possível identificar todos os casos de infeção como temos vindo a fazer. O foco de interesse vai mudar para os casos de doença. Se antecipamos que o foco vai mudar (...), aquilo que se propõe é olhar com maior detalhe para este quadro clínico de infeções respiratórias."
- "Com este modelo, teremos uma capacidade para monitorizar a incidência ao longo do tempo."
Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto
- "As pandemias não duram eternamente, mudam."
- "Podemos ver que há um ano a esta parte Portugal era um dos países com medidas de resposta à infeção mais intensas."
- "Existe uma clara relação entre a intensidade das medidas tomadas e o aumento da incidência no inverno de há um ano e, por outro lado, essa associação é muito pouco clara neste inverno."
- "Há muito que se mudou e que se pensa a resposta em funcção da gravidade da doençae não dos casos."
- "Objetivamente" que o vírus está "endémico", refere Henrique Barros. "Inequivocamente que vivemos uma infeção sazonal", acrescenta. "É para isto que devemos preparar-nos".
- "Provavelmente, agora a proporção de casos que não estamos a diagnosticar, fruto da política de testes, é muito pequeno. Então podemos dizer que temos cerca de 30% da população que contactou diretamente com o vírus."
- "97% da população está vacinada e 99% tem anticorpos."
Raquel Duarte, da ARS Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto
- "Temos claramente a nível nacional uma série de fatores protetores; estamos a assistir a uma redução da incidência em todos os grupos etários."
- "Há uma inequidade clara no acesso à vacinação a nível mundial e, enquanto houver vírus em circulação, teremos sempre a ameaça de novas variantes."
- "Portugal é um dos países com menos medidas restritivas. Tem se apostado nas medidas não farmacológicas."
- A especialista propõe um levantamento das restrições no qual, num nível 1, "propõe-se que não haja limitações", nomeadamente no acesso a discotecas, e que o certificado digital seja utilizado apenas em contexto de saúde ocupacional. “Caminharíamos para uma situação de normalidade, a que chamamos nível 0", refere, no qual é levantada a obrigatoriedade do uso de máscaras.
- "Assistimos claramente a uma mudança de paradigma."
Reveja aqui a reunião na íntegra:
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