Covid-19 está "endémico". Peritos sugerem "caminho para normalidade"

Governo ouviu esta manhã os peritos, no Infarmed, sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, estando em cima da mesa a possibilidade de aliviar algumas medidas.

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© Reprodução Twitter / @antoniocostapm

Tomásia Sousa
16/02/2022 10:03 ‧ 16/02/2022 por Tomásia Sousa

País

Covid-19

Numa altura em que a curva de novos casos de Covid-19 em Portugal entra numa trajetória  descendente, os responsáveis políticos voltaram a ouvir os peritos, na sede do Infarmed, em Lisboa, para avaliar a possibilidade de levantar algumas restrições de contenção da pandemia.

De modo geral, os especialistas sugerem que o país já ultrapassou o pico desta quinta vaga da pandemia, a 28 de janeiro, e apontam para uma "sazonalidade na circulação" do vírus.

Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, acredita que a Covid-19 está "objetivamente endémica" e Raquel Duarte, da ARS Norte e do mesmo instituto, apresentou a proposta de um plano de levantamento de medidas em dois níveis. “Caminharíamos para uma situação de normalidade, a que chamamos nível 0", referiu.

Reveja aqui os principais pontos salientados pelos especialistas e, baixo, o vídeo do encontro na íntegra.

Paulo Pinto Leite, DGS

  • "A média diária na última semana foi de cerca de dois mil casos. Isso é um aspeto positivo: é que estamos numa fase descrescente relacionada com a onda pandémica onde nos encontramos."
  • "O pico da incidência terá ocorrido no dia 28 de janeiro com 2.789 casos a sete dias por 100 mil habitantes"
  • "Principais grupos etários afetados foram dos 20 aos 29 e dos 30 aos 39, mas com a abertura das escolas aumentram sobretudo as incidências nos grupos mais novos."
  • "Temos uma diminuição da incidência acompanhada de uma descida da positividade."
  • "Portugal mantém elevadas coberturas vacinais - 91% da população com esquema vacinal completo."
  • "O rico de internamento é 2 a 7 vezes inferior nas pessoas com vacinação completa."
  • "Em cada 100 pessoas na faixa etária dos 80 anos ou mais com dose de reforço, só três são internadas."

Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)

  • "O risco de transmissibilidade é efetivamente é mais baixo", assinalou o especialista, fixando o Rt atual em 0,76.
  • "A esta velocidade de crescimento, em cerca de dois meses podemos atingir uma taxa de incidência muito baixa de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes", nota.
  • "A ocupação em UCI esteve bem abaixo de todos os cenários."
  • "Há uma potencial sazonalidade que se possa vir a formal na circulação e na atividade epidémica da Covid-19."
  • "Em setembro, outubro ou no próximo inverno, pode ocorrer uma nova onda epidémica."
  • "Número de óbitos atual encontra-se ao nível do inverno de modalidade baixa a moderada", o que o especialista atribui à cobertura vacinal e à menor gravidade da variante Ómicron.

Ana Paula Rodrigues, do INSA

  • "Há uma possibilidade de uma sazonalidade na circulação da SARS-Cov-2."
  • "É possível que haja, ao longo do tempo, uma variação do nível de imunidade fruto do decaímento da imunidade conferida quer pelas vacinas quer pela infeção."
  • "Ao mesmo tempo, não vai ser necessário nem possível identificar todos os casos de infeção como temos vindo a fazer. O foco de interesse vai mudar para os casos de doença. Se antecipamos que o foco vai mudar (...), aquilo que se propõe é olhar com maior detalhe para este quadro clínico de infeções respiratórias."
  • "Com este modelo, teremos uma capacidade para monitorizar a incidência ao longo do tempo."

Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

  • "As pandemias não duram eternamente, mudam."
  • "Podemos ver que há um ano a esta parte Portugal era um dos países com medidas de resposta à infeção mais intensas."
  • "Existe uma clara relação entre a intensidade das medidas tomadas e o aumento da incidência no inverno de há um ano e, por outro lado, essa associação é muito pouco clara neste inverno."
  • "Há muito que se mudou e que se pensa a resposta em funcção da gravidade da doençae não dos casos."
  • "Objetivamente" que o vírus está "endémico", refere Henrique Barros. "Inequivocamente que vivemos uma infeção sazonal", acrescenta. "É para isto que devemos preparar-nos".
  • "Provavelmente, agora a proporção de casos que não estamos a diagnosticar, fruto da política de testes, é muito pequeno. Então podemos dizer que temos cerca de 30% da população que contactou diretamente com o vírus."
  • "97% da população está vacinada e 99% tem anticorpos."

Raquel Duarte, da ARS Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

  • "Temos claramente a nível nacional uma série de fatores protetores; estamos a assistir a uma redução da incidência em todos os grupos etários."
  • "Há uma inequidade clara no acesso à vacinação a nível mundial e, enquanto houver vírus em circulação, teremos sempre a ameaça de novas variantes."
  • "Portugal é um dos países com menos medidas restritivas. Tem se apostado nas medidas não farmacológicas."
  • A especialista propõe um levantamento das restrições no qual, num nível 1, "propõe-se que não haja limitações", nomeadamente no acesso a discotecas, e que o certificado digital seja utilizado apenas em contexto de saúde ocupacional. “Caminharíamos para uma situação de normalidade, a que chamamos nível 0", refere, no qual é levantada a obrigatoriedade do uso de máscaras.
  • "Assistimos claramente a uma mudança de paradigma."

Reveja aqui a reunião na íntegra:

Leia Também: "Reunião com especialistas representa uma nova fase da pandemia"

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