"Queremos apoiar da maneira que podemos, estamos longe e muito preocupados com os nossos familiares e com os nossos amigos", disse Sofia Markelov, que reside em Portugal há 15 anos e é formada em Belas Artes.
Em declarações à Lusa, a ucraniana contou que hoje foi acordada pelo seu pai a avisar que "estava a haver guerra" e que "todo o país está a ser bombardeado", de acordo com relatos de familiares.
"Já liguei para os meus avós e familiares, eles estão a fazer as malas, estão a pegar nas coisas essenciais e estão a tentar fazer algumas compras, mas os mercados estão lotadíssimos. Infelizmente, o país está assustado, o país está em pânico", sublinhou.
Contudo, Sofia manifesta-se "confiante" nas tropas ucranianas, porque "eles são muito fortes".
"A invasão da Rússia na Ucrânia não vai ser fácil, mas é muito triste estarmos a viver isto. A pandemia já matou muita gente e agora é isto", lamentou.
Também Ruslana Polynho, a acabar o mestrado em Psicologia Clínica, disse estar a manifestar-se por não ter outra maneira de apoiar o seu país.
Contou à Lusa que acordou com o seu marido a dizer um palavrão quando se apercebeu que a guerra na Ucrânia tinha começado.
"Liguei logo para uma prima e percebi que estava em pânico, porque tem um bebé de dois meses e não consegue comprar leite. Está a tentar fugir para uma aldeia porque tem medo e porque Putin detesta a cidade onde vive, que sempre se manifestou pró-Ucrânia e ativista. Sabemos que é uma cidade que irá ser bombardeada", disse.
A família reside numa cidade perto da Polónia, mas "numa outra cidade que não fica longe já se ouvem bombardeamentos", acrescentou, sem conseguir esconder as lágrimas.
"Eles tentam fugir para aldeias mais longínquas, mas está a ser horrível", lamentou.
Considerou ainda "insuficientes" os apoios internacionais e manifestou-se "surpreendida" e até "feliz" com as mensagens de apoio dos russos na Rússia.
"Dizem que não querem a guerra com a Ucrânia, mas que também têm medo dele [Putin]. Por isso é que não podem fazer nada. A força e as mensagens estão constantemente a chegar, pedem desculpas pelo presidente que têm", acrescentou.
Vladimir, há 22 anos em Portugal, a trabalhar com caixilharia nas obras, lamentou que "quem vai sofrer com esta invasão seja o povo".
"Queria que o Putin parasse com esta guerra, que não faz sentido na altura que vivemos e porque somos todos irmãos", disse.
Também Vasyl, de 34 anos, 17 dos quais a viver em Portugal, disse que se manifesta para dar apoio ao seu povo, por ser "contra a guerra e tudo o que está acontecer no seu país".
"Hoje ao ver as notícias foi terrível", afirmou.
Lamentou que o apoio internacional não seja mais forte e que não tenha começado há muito tempo, porque "o Putin já está a preparar a invasão há muitos anos, mas ninguém acreditava que chegasse ao ponto que chegou hoje".
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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