Alertando que, depois da ocupação da Ucrânia pela Federação Russa poderá seguir-se um país membro da NATO, Inna Ohnivets, embaixadora da Ucrânia em Portugal, apelou à solidariedade da organização e do bloco europeu não só em termos da aplicação de sanções contra a Rússia, mas também no campo “militar, se possível”. A responsável agradeceu também a Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo português, que “expressaram a sua posição clara” face ao conflito.
“A Ucrânia espera o apoio da NATO e da União Europeia [UE], por exemplo, nas sanções [contra a Rússia, mas também] o apoio, se possível, militar. A Ucrânia não é um membro da NATO mas, se a Ucrânia for ocupada pela Rússia, posso perguntar ‘Que país será o seguinte?’ - e pode ser um membro da NATO. Por isso, a Ucrânia, agora, defende o [seu] território, mas [também] toda a Europa”, afirmou Inna Ohnivets, depois de se reunir com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
Nesse sentido, a embaixadora terá apelado à assistência humanitária e militar portuguesa, formalizando os pedidos através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Defesa, conforme adiantou aos meios de comunicação presentes esta tarde no Palácio de Belém, em Lisboa.
Ohnivets reforçou ainda que “vivem aqui aproximadamente 30 mil [ucranianos] que também apoiam a sua pátria, [sendo que] muitos deles têm cidadania dupla, e para eles a Ucrânia e Portugal são duas pátrias”. Assim, agradeceu a Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo português, que “expressaram a sua posição clara” face ao conflito.
Ainda que, de momento, seja “bastante difícil ir para a Ucrânia”, a responsável assegurou que as “fronteiras da parte oeste estão abertas e os passageiros e turistas podem atravessar”.
Por outro lado, cerca de 200 pessoas aguardam a saída do país, pelo que “é muito importante que Portugal abra as suas fronteiras e deixe entrar os ucranianos”, apelou. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, “essa operação encontra-se em curso”, garantindo que “Portugal está inteiramente disponível não só para acolher estes (...) mas todos aqueles ucranianos que este conflito obrigue a deslocar-se”
“Portugal é e vai ser a sua casa de acolhimento", reiterou.
De acordo com a embaixadora, a comunicação entre as embaixadas está “normal”, adiantando que as regiões mais afetadas pelos ataques russos são Donbass, nomeadamente Donetsk e Lugansk, assim como Kiev.
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