Engenheiro informático natural de Grândola, Nuno Gonçalves faz parte de "um grande grupo de portugueses" que alertados por grupos no Facebook a pedir ajuda para os refugiados decidiu ajudar "com roupas e artigos para bebé".
"Temos estado envolvidos na ajuda, no meu caso e da minha esposa com roupas e artigos para bebé - pois temos uma filha de um ano -, que fomos levar a um local onde estão muitas mulheres com filhos pequenos que acabaram de chegar", explicou o também moderador da Comunidade Portuguesa na Polónia no Facebook e residente naquela cidade no sul da Polónia.
Os refugiados em causa, explicou, atravessaram a fronteira leste com a Ucrânia, perto da cidade de Przemysl, a cerca de 250 quilómetros, depois de terem fugido, uma grande parte, atravessando a cidade ucraniana de Lviv, explicou à Lusa.
Nos diversos locais de apoio criados em Cracóvia, acrescentou, as pessoas "têm ido levar comida, enlatados e não perecíveis", descrevendo estar a "haver uma grande mobilização, entre eles muitos portugueses".
"Há pelo menos um português que está a alojar uma família ucraniana", revelou.
A Lusa tentou o contacto com o português, mas este declinou falar sobre o que o motivou a ajudar a família ucraniana.
Por estes dias, Przemysl, Medyka e Korczowa fazem parte do roteiro de transporte e apoio aos milhares de refugiados da guerra que procuram a segurança na vizinha Polónia, onde mais uma vez graças aos grupos nas redes sociais "aparecem pessoas para fazer o transporte dos refugiados ou há autocarros do Estado para os levar", contou Nuno Gonçalves.
"Há bases de dados onde as pessoas se podem inscrever para obter alojamento, a comunicação está muito organizada a partir do Facebook e que leva a que cada um se ofereça para o que puder ajudar", descreveu o português que estimou em "várias dezenas" os emigrantes portugueses envolvidos na ajuda aos refugiados.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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