José Pedro Dionísio, um professor universitário que está na organização do cordão humano junto de embaixadas de vários países, disse à Lusa esperar que a ação de hoje leve a que manifestações idênticas aconteçam noutras cidades da União Europeia, o que não tem acontecido.
Com cartazes com frases como "Russians Stop Putin" (Russos parem Putin", "Salvem a Ucrânia" ou "Mundo a uma só voz, Ucrânia Somos nós", os participantes no cordão usaram também bandeiras da Ucrânia para demonstrar o apoio ao país, a sofrer uma invasão por parte da Rússia desde a semana passada.
Os participantes no cordão concentraram-se depois junto dos portões da embaixada, onde dois representantes do grupo entregaram uma carta a um elemento da representação diplomática.
O político socialista Sérgio Sousa Pinto foi um dos elementos a entregar a carta, destacando depois aos jornalistas que o papel de Portugal é estar ao lado dos que hoje saíram de casa para "exprimir de forma inequívoca a solidariedade do povo português" e dos seus representantes para com o povo ucraniano, "vitima de uma agressão bárbara e anacrónica".
A concentração teve também como objetivo deixar uma mensagem de determinação de que a Europa possa apoiar o esforço dos combatentes ucranianos e os seus valores, que são também os valores dos portugueses, disse Sérgio Sousa Pinto.
Romam Barchuk, ucraniano a viver em Portugal, também participou na entrega da carta, um documento que "diz o que o povo ucraniano tão desesperadamente precisa, que é ajuda, que é assistência militar" e que é proteção, disse.
"E que protejam as nossas pessoas, as nossas pessoas estão a morrer, as nossas crianças estão a morrer e as nossas cidades estão a ser destruídas. Sabemos que com esta união, com o ocidente e com o mundo democrático ao nosso lado, conseguimos fazer a diferença. Já ficamos de lado há demasiado tempo e agora é altura de agir", disse aos jornalistas.
Maria do Carmo Machado achou que era altura de agir. "Em vez de estar em casa a assistir às notícias esta é a forma que tenho de ajudar", disse à Lusa, explicando que também já se inscreveu como voluntária junto da Câmara de Lisboa. "E se for necessário lá estarei".
Disse que participou na iniciativa para defender a paz e apelar ao bom senso dos líderes, e para mostrar à Rússia que todos estão contra a invasão. "Estou indignada, estou zangada", frisou.
E zangada e revoltada está também Lídia Aguilar, outra das participantes. Voluntária no Instituto Português de Oncologia, onde já assistiu a crianças morrer com cancro, viu na televisão imagens de crianças ucranianas que estavam a fazer quimioterapia e que tiveram de interromper para ir para um bunker.
"Quase tive um ataque de coração ao ver esta injustiça. Como é que se pode atacar crianças que estão a querer salvar a vida? Foi isso que me trouxe aqui. Estou revoltadíssima", disse à lusa, acrescentando que "é revoltante" matar crianças nas guerras.
Parte dos participantes no cordão humano da embaixada dos Estados Unidos partiu depois, a pé, para a embaixada da Alemanha, sempre acompanhados com música e a cantar, juntando-se também no local participantes de ações junto de outras embaixadas.
Cerca das 20:30 estavam ainda concentradas junto da embaixada algumas centenas de pessoas, gritando palavras de ordem como "Putin rua, a Ucrânia não é tua", ou "O mundo inteiro a uma só voz, a Ucrânia somos nós".
[Notícia atualizada às 21h00]
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