O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, assegurou na quarta-feira que a economia portuguesa é das menos expostas à invasão russa da Ucrânia, uma vez que tem "baixa intensidade de contactos" com as economias dos dois países.
“A economia portuguesa tem relativamente baixa intensidade de contactos quer com a Rússia, quer com a Ucrânia. O nível de trocas comerciais é muito reduzido, o nível de investimento direto estrangeiro em qualquer dos sentidos é também reduzido. Portanto, Portugal é dos países menos expostos a esta situação diretamente”, garantiu o ministro em entrevista ao programa Grande Entrevista, da RTP3.
Siza Vieira explicou que a Rússia - alvo de várias sanções, nomeadamente nas exportações, devido à ofensiva militar - “tem muito pouco peso” mesmo na “importação da energia”, de produtos de petróleo e de gás natural para o país. A importação que atualmente é mais “significativa” é a de milho, que provém da Ucrânia.
“No entanto, aquilo que se verifica quando os produtos da Rússia - que é um grande produtor quer de produtos energéticos, quer de bens alimentares, quer de recursos minerais - cessa relações comerciais com o Ocidente, é que há uma perturbação dos mercados genericamente, com escassez destes materiais e uma grande volatilidade ao nível dos preços”, alertou. Desta forma, Portugal é “afetado indiretamente” e este “impacto não é reduzido”.
O ministro afirma que as previsões, apesar de poderem ser revistas em baixa, continuam a apontar Portugal como um dos países europeus que terá “crescimento económico este ano”.
Sublinhe-se que o primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje esperar aval da Comissão Europeia à proposta portuguesa de alívio temporário no Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) da energia, como aconteceu há dois anos com a eletricidade. O governante esteve reunido em Bruxelas com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e frisou, em conferência de imprensa, que “as regras são claras e a alteração das taxas de IVA requer a autorização da Comissão”.
Revelou ainda que a reunião agendada para sexta-feira, em Roma, com os seus homólogos italiano, espanhol e grego tem como objetivo adotar “uma proposta comum” com vista à redução dos preços da energia.
Costa frisou que os quatro países querem ter uma “proposta comum” para apresentar à Comissão e ao Conselho Europeu, de forma a obter uma “resposta tão rápida quanto possível em algo que é urgente, que é poder tranquilizar as famílias quanto à estabilização dos preços e garantir às empresas condições de produção que não atrasem o processo de recuperação em curso e que está a ser tão bem-sucedido”.
[Notícia atualizada às 08h19 do dia 17 de março de 2022.]
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