"As escolas precisam urgentemente de um reforço de recursos, não apenas financeiros, mas também de recursos humanos sob pena de estoirar rapidamente com o corpo docente que as escolas têm", disse aos jornalistas o secretário-geral da Fenprof, que hoje reuniu o seu conselho nacional para analisar a situação política nacional centrada no novo Governo.
Mário Nogueira considerou que o novo ministro da Educação, João Costa, tem a vantagem de estar há seis anos neste ministério, não precisando por isso "dos 100 dias de estado de graça para poder conhecer os dossiês".
"Conhece perfeitamente os dossiês, sabe perfeitamente quais são os problemas. Tem a noção de que há um subfinanciamento da educação. Sabe que os problemas que as escolas têm decorre desse subfinanciamento que procuraram resolver nos últimos tempos à custa dos fundos europeus e agora pretendem à custa da municipalização", disse.
João Costa foi a escolha do primeiro-ministro para assumir o Ministério da Educação no novo Governo, depois de ter estado com aquela pasta como secretário de Estado nas duas últimas legislaturas.
Mário Nogueira sustentou também que o novo ministro da Educação "sabe do problema da falta de professores".
"Este problema é disfarçado com o recurso pelas escolas a muitas pessoas que não são habilitadas para a docência. A atratividade da profissão passa por valorizar as carreiras, combater a precariedade, passa por melhorar as condições de trabalho e por rejuvenescer o corpo docente", precisou, dando igualmente conta que metade dos professores vai aposentar-se ao longo da década e que as escolas de formação não têm número suficiente de jovens que estejam a tirar os cursos para professores.
Para o secretário-geral da Fenprof, estes são os desafios do novo ministro da Educação.
"Esperamos que tenha abertura para negociar soluções e que haja uma reunião rápida com o ministro após a tomada de posse", afirmou.
Mário Nogueira indicou também que, no dia a seguir à tomada de posse da Assembleia da República, a Fenprof vai entregar uma petição, que neste momento tem mais de 20.000 assinaturas, em que os professores exigem soluções para o combate à precariedade, carreiras e avaliação do desempenho.
Sobre o ensino superior, que terá como ministra a professora catedrática e investigadora Elvira Fortunato, o sindicalista afirmou esperar "que seja possível passar de um clima de diálogo para um quadro de diálogo consequente".
"O ministro anterior nunca fechou as portas ao diálogo, mas o certo é que essa conversa e diálogo não resultou, não houve nada que tivesse sido resolvido", disse, frisando que a revisão do regime jurídico das instituições do ensino superior tem 10 anos de atraso e os aspetos relacionadas com as carreiras dos docentes ou investigadores "não mereceram qualquer tipo de apreciação" no último Governo.
Na reunião de hoje, a Fenprof aprovou um documento para apresentar ao novo Governo com todas as reivindicações para o setor da educação.
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