"Isto tem que ser travado já e os líderes europeus estão a apaziguar"
Ana Gomes voltou a comentar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia no passado domingo, mais concretamente as imagens da cidade de Bucha que classifica como um acontecimento "particularmente atroz".
© Pedro Pina/RTP
País Ucrânia
Ao comentar a invasão russa na Ucrânia na edição da noite da SIC Notícias, no domingo, a antiga eurodeputada Ana Gomes apontou que o exército russo tem civis como alvo, o que é percetível após os bombardeamentos a prédios onde habitam ucranianos, e que, nas suas palavras, “constitui crime de guerra” diário.
Não só se manifestou em relação às imagens de Bucha, revelando ser algo “particularmente atroz”, como recordou o impedimento de a Cruz Vermelha assistir Mariupol e o acontecimento no teatro que vitimou cerca de 300 ucranianos.
A indignação de líderes europeus aos corpos encontrados numa vala em Bucha, faz com que Ana Gomes questione se não terão tido acesso às imagens anteriores que se têm visto, que são “sinistras e crimes de guerra que têm que ter consequências”.
“Não compreendo que líderes europeus, que se respeitam, possam tratar Putin como se fosse um interlocutor respeitável”, frisou, salientando: "Isso não pode acontecer mais". A diplomata explicou que “as ditaduras não podem ser apaziguadas” e, no caso do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, foi, na sua ótica, dado a Putin "todas as possibilidades para, de facto, escalar e ele está todos dias a escalar”, reiterou.
Não deixou de lado a possibilidade de o conflito "escalar para além da Ucrânia", bem como de a Rússia recorrer a armas químicas e nucleares. “Isto tem que ser travado já e os líderes europeus quando não o fazem estão a apaziguar”, reiterou, acrescentando: “A única maneira de travar isto, de nós não continuarmos a ver estas atrocidades, é, de facto, derrotar Putin”.
Os líderes europeus podem, na ótica da ex-eurodeputada, aplicar sanções que não sejam “às pinguinhas”, explicou, confessando que “estamos a financiar a guerra de Putin”, visto que países como a Alemanha, a Holanda e a Áustria continuam a comprar o gás de Putin. Deu ainda como exemplo a Lituânia, que até 2015 dependia exclusivamente do gás da Rússia, sendo que o ano passado ainda dependia em cerca de 26%, porém acaba de anunciar que já não depende na totalidade.
Ana Gomes acredita que o facto de líderes europeus continuarem a tentar negociar com Putin, “é sinal que continuamos a lidar com ele e a esperar que volte ao bom senso, o que não é possível”. A diplomata mencionou ainda que Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, e Nicolas Sarkozy, ex-presidente francês, são responsáveis pela “continuação de uma política mercantilista que se desculpava que é preciso continuar a interessar à Rússia e, no fundo, fecharam os olhos a todos os desmandos de Putin permitindo-lhe chegar até aqui”.
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