"Este não é o momento para ser narradores de tragédias. A suspensão da Rússia (...) é uma ação correta, mas tardia, após a invasão atroz da Ucrânia, onde foram cometidos crimes de guerra e assassinatos de civis", disse o líder opositor, Juan Guaidó.
Num comunicado divulgado em Caracas, a oposição sublinha que "sobram as razões para que a Rússia nem deva sequer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU".
"Os organismos multilaterais e os seus mecanismos precisam de repensar e passar à ação", como disse o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acrescentou Guaidó.
"Não é suficiente denunciar atrocidades. Algo semelhante acontece com a Venezuela, onde [o Presidente Nicolás] Maduro, tristemente reconhecido pela ONU e acusado de crimes que lesam a humanidade e causaram quase 7 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos, mantém um lugar no Conselho de Direitos Humanos da ONU, tal como Cuba", explica.
Segundo o líder opositor venezuelano, "hoje, mais do que nunca, os líderes mundiais devem destacar-se pela sua solvência no exercício da defesa dos mais vulneráveis em qualquer parte do planeta, assim como por agir atempadamente perante os crimes contra a humanidade e por castigar os agressores".
A Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou na quinta-feira uma resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia.
A resolução, apresentada pelos Estados Unidos da América (EUA) e apoiada pela Ucrânia e outros aliados, obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros das Nações Unidas.
Tanto a Ucrânia como a Rússia constam na atual composição do Conselho, sendo que o mandato russo expirava em 2023.
Na história da ONU, só a Líbia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos, em 2011, também na sequência de uma votação na Assembleia-Geral da ONU.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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