"Falta a Portugal o inconformismo de Abril para romper a estagnação. Abril confiou-nos esta difícil missão: a de continuar a querer saber -- da política, de Portugal, da Europa e do Mundo. A de continuar a querer saber do futuro", disse o deputado da IL Bernardo Blanco.
O deputado liberal falava na sessão solene comemorativa do 48º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República.
"Como Abril nos demonstrou e a Guerra na Ucrânia nos confirma, a democracia é difícil de conquistar, mas fácil de perder", vincou.
Para o jovem liberal, o 25 de Abril foi o "dia despertador".
"O 25 de Abril, um legado maior que todos nós cujo único dono é o povo português, é o dia despertador. É o espírito que nos acorda do longo sono de ontem em busca de um melhor amanhã. Portugueses, vamos voltar a querer saber. Vamos com o inconformismo de Abril romper a estagnação", declarou.
No seu discurso, Bernardo Blanco, deputado de apenas 26 anos, considerou que "antes do 25 de Abril, Portugal foi um país fantoche controlado por uma mão cerrada".
"Para quem como eu nasceu nos anos 90 ou já no novo milénio, o Estado Novo é o Estado Velho. Uma realidade tão distante, não só a nível temporal, mas também a nível de ideal, que para mim a maior dádiva do 25 de Abril não é material, mas espiritual. Para mim, o 25 de Abril é o dia em que os portugueses quiseram saber", disse.
"Este ano, em que os 48 anos do 25 de Abril superam os 48 anos de ditadura, não é dia para acabar com 'o estado' a que chegámos, relembrando Salgueiro Maia, mas é dia de refletir e de mudar sobre o estado a que chegámos", acrescentou, considerando que "Portugal está de novo num longo sono", apesar de "muito menos grave e de forma obviamente incomparável com o anterior, mas que não deixa de ser preocupante".
Na opinião do jovem liberal, "o país está economicamente estagnado, socialmente hipnotizado e politicamente desligado".
"A boa notícia é que Portugal não está condenado. Não é esse o nosso fado. Mas para Portugal sair da cauda da Europa e voltar a estar na frente, temos de romper com o que o Estado Novo ainda deixou e mudar", defendeu.
Os liberais querem mudar "o poucochinho e o receio, pela ambição e inovação dos Descobrimentos", "mudar o respeitinho cego à autoridade, pelo inconformismo da Revolução Liberal de 1820" e o "desinteresse e a apatia, pela participação massiva de 90% nas eleições de 1975".
[Notícia atualizada às 11h46]
Leia Também: 25 Abril: PCP contra o que diz ser a hostilização de opiniões divergentes