Após ser visado no esclarecimento, desta sexta-feira, da Câmara de Setúbal sobre os refugiados ucranianos em Portugal que estão a ser recebidos por russos pró-Kremlin, o primeiro-ministro reagiu em comunicado e diz que a carta do autarca de Setúbal a Costa é um "protesto" e não solicita informações.
A carta surge depois de Inna Ohnivets ter revelado que havia associações pró-russas infiltradas em Portugal - entre elas a Associação dos Emigrantes de Leste - que podiam estar a "receber dados sobre familiares que combatiam no exército ucraniano"
"A carta que o Presidente da Câmara Municipal de Setúbal dirigiu ao Primeiro-Ministro no passado dia 11/04/22 é um protesto sobre declarações prestadas pela Embaixadora da Ucrânia em Lisboa, à CNN, e foi reencaminhada para os efeitos tidos por convenientes para o MNE", pode ler-se na nota enviada às redações pelo gabinete de António Costa.
"Na referida carta não é solicitada qualquer informação sobre a Associação EDINSTVO, nem sobre o cidadão Igor Khashin", reitera ainda a missiva.
Segundo o autarca, questionou formalmente o próprio primeiro-ministro, António Costa "no próprio dia, por ofício", pedindo que o chefe do Governo se pronunciasse sobre as declarações e "esclarecesse com a maior brevidade possível se o Alto Comissariado para as Migrações mantinha a confiança nesta associação".
Segundo o Expresso, que avança a notícia, pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos por Igor Khashin, da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), e pela mulher, Yulia Khashin, de origem russa. Terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal.
A autarquia reconhece que "Igor Khashin colabora, regularmente, há vários anos, com várias entidades da administração central, entre as quais o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o Alto Comissariado para as Migrações e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tendo prestado esta colaboração já este ano em instalações de alguns destes serviços em Setúbal, no contexto do acolhimento de refugiados da guerra da Ucrânia".
A Câmara de Setúbal afirma ainda que "são cumpridos todos os requisitos técnicos inerentes a um atendimento social" e que a "recolha de informação só é feita com autorização expressa por escrito dos próprios", tratando-se de "um procedimento reconhecido e utilizado pelas entidades que, em Portugal, fazem este tipo de trabalho".
A autarquia refere ainda que "repudia com a veemência toda e qualquer insinuação de quebra de sigilo no tratamento de dados de cidadãos ucranianos acolhidos nos seus serviços".
De acordo com o jornal Expresso, a Edintsvo foi subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e Igor Kashin Yulia Khashin terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia.
A Câmara de Setúbal retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior, de origem russa, Yulia Khashin.
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