Passo atrás nas medidas? Governo admite "prescrição automática de testes"
Marta Temido assume que o aumento do número de casos de Covid-19 "era expectável", mas espera "ultrapassar" esta fase para repor testagem gratuita.
© Adria Salido Zarco/Getty Images
País Covid-19
A ministra da Saúde admite a possibilidade de que a linha Saúde 24 venha a prescrever, de forma robotizada, testes rápidos antigénio à Covid-19 a utentes que tenham tido resultado positivo num autoteste.
O objetivo do Governo é "descongestionar o acesso aos testes rápidos de antigénio sem os constrangimentos de espera".
Questionada pelos jornalistas sobre um recuo no alívio das medidas de combate à pandemia, à margem de uma visita à Unidade de Hospitalização Domiciliária do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), Marta Temido assumiu que está a ser ponderada esta alteração no que diz respeito aos testes.
Vamos ter a possibilidade de as pessoas com um autoteste positivo, ao ligarem para a linha Saúde 24, a partir do final desta semana, terem acesso a uma prescrição automática para um teste rápido de antigénio para a Covid-19", adiantou.
Quanto à reposição da gratuitidade dos testes, Temido considera que a medida "neste momento não é adequada".
"Sempre dissemos que as medidas eram evolutivas e proporcionais em função da evolução da situação. Neste momento, as medidas estão definidas para um horizonte temporal", indicou a ministra da Saúde.
Ainda assim, a responsável assume que nada está descartado: "Não está nenhuma hipótese fora de discussão, mas muito provavelmente conseguiremos - esperamos -, com a colaboração de todos, ultrapassar também esta fase de aumento de casos".
Confrontada com os dados avançados ontem pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a ministra refere que o aumento de casos de Covid-19 era "expectável" e assegura que a situação está a ser acompanhada com os peritos.
"Estamos a ter um aumento da predominância de uma das linhagens da variante Ómicron - a BA.5 - significativo", confirmou.
O INSA estima que esta linhagem já seja responsável por 37% dos casos de infeção em Portugal, uma tendência de crescimento que deve chegar aos 80% a 22 de maio.
O último relatório do grupo de trabalho do Instituto Superior Técnico sobre a evolução da pandemia, divulgado terça-feira pela Lusa, alerta que as novas linhagens da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, em conjugação com a eliminação da obrigatoriedade do uso generalizado de máscara, podem estar a contribuir para o aumento do número de casos.
De acordo com o documento, a incidência média a sete dias aumentou de 8.763 para 14.267 casos desde 19 de abril, o que se deve "à retirada abrupta do uso de máscara em quase todos os contextos e à nova linhagem BA.5 da variante Ómicron que começa a instalar-se" no país.
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