"Nós não estamos a pedir a conversão da Rússia. Nós estamos a pedir a paz e uma paz que não tem que ver com um regime ateu que procura impor o ateísmo a um país", afirmou Carlos Cabecinhas, durante a conferência de imprensa que antecede a Peregrinação Internacional Aniversária de maio.
O reitor disse que a guerra na Ucrânia se deve a "uma deriva imperialista de um país que, violando as leis internacionais, invade um outro país, provocando uma guerra", que "é uma fonte terrível de problemas".
"A referência da Rússia no segredo não tem que ver propriamente com a geografia e com um povo, tem que ver com uma ideologia que pretende excluir de forma radical Deus daquilo que é o horizonte das pessoas", frisou.
Segundo Carlos Cabecinhas, "quando a mensagem de Fátima fala da necessidade de conversão da Rússia, fala fundamentalmente desta necessidade de dar a Deus o lugar que a ele compete na vida dos crentes".
"Neste momento, na Ucrânia, não temos uma guerra religiosa. Não temos, por um lado, um regime que procure afastar Deus do horizonte das pessoas e, por outro lado, um regime que procure defender essa presença de Deus. A situação é outra, os tempos são outros, o horizonte mudou radicalmente", sublinhou.
O bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, lembrou que os primeiros destinatários da mensagem de Fátima foram três crianças que apenas entenderam "a enormidade que é a guerra".
José Ornelas aproveitou a conferência de imprensa para falar da passagem do papa Francisco por Fátima, a propósito da Jornada Mundial da Juventude, que decorrerá no próximo ano, em Lisboa.
Segundo o prelado, a diocese e o santuário "não são propriamente a meta final, mas são o ponto de partida".
"Para os nossos jovens, isso é particularmente importante. Hoje a mobilidade está no coração dos jovens. Eles fazem as experiências de internacionalidade junto com a sua formação universitária, os Eramus e tantas outras dinâmicas", acrescentou.
Milhares de pessoas são esperadas hoje e sexta-feira no Santuário de Fátima, na primeira grande peregrinação aniversária sem os constrangimentos provocados por dois anos de pandemia de covid-19.
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