"Não me recordo de nada. Andava com uma depressão", disse a mulher, de 54 anos, que admitiu já ter tido outras falhas de memória antes.
Questionada pela magistrada que preside ao coletivo de juízes que está a julgar o caso, a arguida, que trabalhava com o marido na pesca e apanha de bivalves, disse não ter nenhuma explicação para o que aconteceu, afirmando que não havia conflitos entre eles.
"Nesse dia estava a chover e não queria ir ao rio", revelou a mulher, adiantando que quando ocorreram os factos os dois estavam sozinhos em casa a ver televisão.
A mulher contou ainda que teve a noção de que o marido estava morto, porque o viu sentado no sofá com o sangue a escorrer, tendo saído de casa com intenção de se atirar ao rio, mas não o chegou a fazer, porque se lembrou do neto e foi para casa da mãe.
O crime ocorreu na madrugada do dia 21 de maio de 2021, por volta das 00:30, no interior da residência do casal, na Murtosa, distrito de Aveiro, na sequência de uma discussão entre os dois, por razões que não foram apuradas.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), a arguida desferiu 16 golpes de faca no pescoço, tórax, abdómen e braço esquerdo do marido, de 57 anos, e em seguida cravou a lâmina de um machado na cabeça da vítima, que não resistiu aos ferimentos e acabou por morrer no local.
Logo após o crime, a arguida abandonou a residência e refugiou-se na residência da sua progenitora. A mulher apresentava alguns cortes causados por arma branca e foi internada no serviço de psiquiatria do Hospital de Aveiro.
A arguida teve alta hospitalar no dia 01 de junho, tendo sido detida nessa altura pela Polícia Judiciária por suspeita da prática de um crime de homicídio qualificado. Após ter sido presente a primeiro interrogatório judicial, ficou em prisão preventiva.
Leia Também: Marcelo vê bandeira de 1975 e condecora português há mais tempo no país