Em resposta a perguntas dos jornalistas, num hotel em Díli, o chefe de Estado foi desafiado a explicar aos portugueses a importância desta sua primeira visita oficial à República Democrática de Timor-Leste, e invocou "razões do passado" e "razões do futuro".
Quanto ao futuro, argumentou que há "uma posição estratégica de Timor que é fundamental", tendo em conta a região em que se insere.
"Nessa zona Ásia-Pacífico, onde muito da geopolítica do presente e do futuro se joga, há um bastião chamado Timor, que pertence à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", afirmou, acrescentando: "Pode ser uma base económica muito importante para Portugal numa área onde não temos outra base".
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que Timor-Leste é um país "que quer estreitar laços com Portugal, que alinha as suas posições na CPLP com Portugal, que é de uma lealdade total nas posições conjuntas".
Timor-Leste, prosseguiu, "tem um Presidente [José Ramos-Horta] com um raríssimo prestígio internacional, tem um líder histórico carismático [Xanana Gusmão] com um raríssimo prestígio político e internacional -- são mais valias para Timor, mas para Portugal".
"Some-se tudo isso, os portugueses perceberão que tem futuro. Quanto ao passado, isso percebem, porque ainda hoje não esquecem o que Timor significou como uma causa comum", defendeu.
Segundo o Presidente da República, Portugal e Timor-Leste viveram "uma resistência conjunta contra uma dominação estrangeira que não houve em nenhuma outra descolonização" e "não há a mesma unanimidade em nenhum outro caso desse tempo histórico".
Sobre as línguas faladas pelos timorenses, interrogado se o desconhecimento do português não constitui um fator de exclusão social, o chefe de Estado respondeu que ficou com a impressão de que "se fala mais português, há maior presença da língua portuguesa"
"Há projetos específicos para várias áreas de poder: Administração Pública, poder judicial, poder político, atividade empresarial", assinalou.
No seu entender, "é uma revolução silenciosa que está a ocorrer", após "vários ciclos" linguísticos em Timor-Leste: "Um ciclo antigo em que havia ainda o português presente, depois um ciclo de avanço da Indonésia, e não só, da Malásia, vários avanços".
"E agora há um ciclo de recuperação do português, com peso da comunicação social, os jornalistas a falarem, a utilizarem o português, e a aproximarem o tétum do português", sustentou, concluindo: "Está a mudar no bom sentido".
Nesta sua primeira visita oficial à República Democrática de Timor-Leste, centrada na capital, Díli, Marcelo Rebelo de Sousa esteve acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
O programa do chefe de Estado começou na quinta-feira e terminou no sábado com um encontro com a comunidade portuguesa. A partida para Lisboa está prevista para domingo de manhã em Díli, ainda madrugada em Lisboa, onde são menos oito horas.
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