"O caso está encerrado". Os resultados preliminares da autópsia a João Rendeiro, realizada em Portugal, não detetaram indícios de crime e confirmaram a tese de suicídio, adiantou fonte ligada ao processo à Lusa.
Após este desfecho, o velório do ex-banqueiro realizou-se esta segunda-feira na Basílica da Estrela, em Lisboa, e o funeral terá lugar hoje.
De lembrar que a família de Rendeiro pediu, na quarta-feira, ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) para fazer uma autópsia ao corpo do ex-presidente do BPP, que chegou na sexta-feira de manhã a Lisboa proveniente da África do Sul.
Na altura, em declarações à Lusa Inês Montalvo, advogada da família de Rendeiro, justificou a necessidade da autópsia por considerar que havia "vários indícios de que se tratou de um crime". O veredito das autoridades sul-africanas davam conta de que o antigo banqueiro se teria suicidado, ainda que as investigações às circunstâncias da morte não tenham sido ainda concluídas.
Recorde-se que o corpo de João Rendeiro chegou à morgue em 13 de maio, onde foi reconhecido pelo cônsul honorário de Portugal em Durban, Elias de Sousa. A retirada do corpo da morgue estatal sul-africana em Pinetown, subúrbios de Durban, ocorreu na tarde de 27 de maio e a transferência para Joanesburgo decorreu no dia seguinte, conduzida pelas autoridades portuguesas na África do Sul.
João Rendeiro, de 69 anos, foi encontrado morto no dia 12 de maio e deveria ser presente em tribunal na manhã seguinte. O antigo presidente do BPP estava detido na África do Sul desde 11 de dezembro de 2021 a aguardar extradição, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma transitou em julgado e não admitia mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado. O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.
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