A celebração do Dia de Portugal na África do Sul foi anunciada pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante uma deslocação ao país, em fevereiro de 2020, no âmbito da preparação da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em junho, por ocasião das comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades.
Questionado pela Lusa sobre o facto de as celebrações não acontecerem na África do Sul pelo terceiro ano consecutivo, o dirigente da tertúlia luso sul-africana referiu que a comunidade portuguesa emigrante na África do Sul, uma das maiores no mundo, "está um bocadinho sentida" com Marcelo Rebelo de Sousa.
"Ele prometeu que vinha cá em 2020 e depois por causa da covid não veio, em 2021 foi a Moçambique e a Angola, o pessoal está aqui um bocado chateado, porque se há covid aqui também há em Angola e Moçambique, e podia ter vindo aqui, porque já não temos tantos casos que seja perigoso vir cá. Tanto é que temos agora os políticos que vêm cá e não têm medo de cá vir, nós estamos um bocado magoados", afirmou Rogério Nascimento.
O dirigente falava à margem de um jantar no sul de Joanesburgo, com membros da Academia Mãe do Bacalhau, na véspera do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
O encontro, que juntou na mesa do "fiel amigo" o líder do principal partido da oposição na Assembleia da República, Rui Rio (PSD), e a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, em representação do Governo socialista, visou assinalar o 54.º aniversário da tertúlia lusa na capital económica da África do Sul.
"Nós nunca tivemos grande apoios do Governo [de Portugal] aqui, não temos razão de queixa das instituições estatais, o consulado e a embaixada, mas a nível do Governo é o que se vê, eles não nos vêm visitar e estamos um bocado magoados com isso, mas não há nada a fazer", sublinhou.
Todavia, Rogério Nascimento acredita que o encontro de hoje em Joanesburgo possa contribuir para "despertar" o interesse de Lisboa para as preocupações dos emigrantes portugueses na África do Sul, país que se debate atualmente com mais de 40% de desemprego, criminalidade elevada e incerteza política.
"Esperemos bem que sim, em princípio é sempre bom ter políticos de Portugal e principalmente uma ministra, é bom sinal de que se estão a lembrar de nós e esperemos que daqui saiam algumas reflexões e que haja mais diálogo", referiu Rogério Nascimento à Lusa.
"O embaixador [Manuel Carvalho] e a cônsul-geral [Graça Freitas] vêm muitas vezes à tertúlia, agora a tertúlia não é a comunidade portuguesa, nós somos apenas um grupo de pessoas que fazemos uns almoços e que angariamos fundos para a caridade, mas o Governo da República não vem cá, e talvez com a vinda da ministra e dos políticos comecem a olhar para nós de modo diferente", salientou.
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