"Interrogatório tem apenas a ver com abuso, violência e com encenação"
Para José Sócrates, "alguém devia dizer ao Ministério Público que as mentirolas requentadas oito anos depois talvez fiquem um bocadinho ridículas e patéticas".
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País José Sócrates
José Sócrates já chegou ao Campus de Justiça, em Lisboa, onde vai explicar, esta quinta-feira, as viagens não autorizadas ao Brasil. Numa declaração aos jornalistas, o ex-primeiro-ministro começou por afirmar que "este interrogatório nada tem a ver com justiça".
E mais: "Este interrogatório tem apenas a ver com abuso, com violência e com uma encenação que pretende, oito anos depois, apresentar-me de novo como alguém que pode fugir à Justiça".
"Há oito anos, o Ministério Público prendeu-me, explicando à sociedade que o tinha feito com base num perigo de fuga. Oito anos depois, voltamos a isso", apontou ainda Sócrates, acrescentando que "o que é absolutamente lamentável é que este Processo Marquês tenha este padrão".
"Um padrão que, como digo, nada tem a ver com Direito. Tem a ver com agressão e tem a ver com a maledicência. Oito anos. Oito anos de mentiras atrás de mentiras, oito anos de difamação contínua", sublinhou o ex-governante.
Para Sócrates, "alguém devia dizer ao Ministério Público que as mentirolas requentadas oito anos depois talvez fiquem um bocadinho ridículas e patéticas".
Recorde-se que a juíza Margarida Alves indeferiu ontem o requerimento da defesa de José Sócrates para adiar o interrogatório do ex-primeiro-ministro, agendado para quinta-feira, para prestar esclarecimentos sobre as viagens ao Brasil após a decisão instrutória do processo Operação Marquês.
Segundo adiantou na quarta-feira de tarde o jornal Correio da Manhã, Pedro Delille, advogado de José Sócrates, pediu o adiamento, justificando-o com a existência de recursos que estão pendentes de decisão e que, por isso, têm efeito suspensivo sobre o processo separado da Operação Marquês.
O interrogatório foi pedido recentemente pelo Ministério Público (MP), com o procurador Vítor Pinto a considerar a medida necessária perante a divulgação de viagens de José Sócrates ao Brasil por um período superior a cinco dias, quando lhe foi aplicado a medida de coação de Termo de Identidade e Residência (TIR) no processo Operação Marquês.
O TIR prevê que um arguido saiba da obrigação de não mudar de residência nem se ausentar por mais de cinco dias sem comunicar essa situação ao tribunal.
José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017, de 31 crimes como corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.
[Notícia atualizada às 09h58]
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