O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miguel Miranda, alertou, este domingo, para os dias “críticos” que aí vêm e admitiu que é muito provável que Portugal continental passe de alerta laranja a vermelho, devido às temperaturas elevadas.
Em declarações à RTP, o responsável adiantou que, na manhã de segunda-feira, será reavaliado o que “vai acontecer terça, quarta e quinta-feira” – os três dias “críticos desta semana” – e admitiu que a probabilidade de o país passar para alerta vermelho “é grande” e está “em cima da mesa”.
Jorge Miguel Miranda revelou que “existem previsões que podem ir até aos 45, 46 graus” em algumas zonas do país nos próximos dias, sobretudo no Vale do Tejo e no Vale do Douro.
“Estamos todos a aprender como vamos viver num país mais seco e mais quente”, alertou, já depois de sublinhar que estamos a viver um período “grande, complexo e especial”, nomeadamente no que diz respeito aos incêndios florestais.
“Estamos num ano muito seco, com períodos de temperatura elevada, aquilo que por vezes as pessoas designam por ondas de calor, e a junção das duas situações obviamente não é confortável”, disse.
O responsável destacou ainda que estamos apenas no início do verão e já nos encontramos em seca “extrema e severa”. “Estamos em julho, em julho estamos a declarar seca extrema e severa (…) isto era a situação a que nós podíamos chegar no fim do verão”, notou, acrescentando que as expetativas de precipitação até ao fim do verão são muito curtas e a situação tem uma “tendência natural para se agravar”.
“Todos estes períodos de dias seguidos com temperaturas acima dos 40 graus, com humidades abaixo dos 20%, com algum vento, que felizmente não tem sido muito intenso, mas já começa a aumentar de intensidade, criam todas as condições que são precisas para que deflagrem muitos incêndios rurais”, afirmou.
Ao comentar as declarações do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que alertou para a “pior conjugação de fatores desde Pedrógão Grande”, Luís Miranda ressalvou que o governante não queria “assustar os portugueses”, mas sim chamar a atenção para o “elevadíssimo” nível de responsabilidade que todos temos de ter neste momento.
“Temos uma conjugação de fatores que é diferente de 2017 mas que também é de gravidade muito grande”, frisou.
Recorde-se que, no sábado, o Governo decidiu declarar situação de contingência entre segunda e sexta-feira, permitindo que a Proteção Civil mobilize "todos os meios de que o país dispõe" para combater os incêndios.
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