Santiago de Compostela enche-se de jovens em peregrinação de "ensaio"

Os milhares de jovens que, até domingo, participam na Peregrinação Europeia da Juventude (PEJ) em Santiago de Compostela, Espanha, falam numa "experiência única" e num "ensaio" para a "aguardada" Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2023, em Lisboa.

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© Caminho Português da Costa

Lusa
06/08/2022 14:08 ‧ 06/08/2022 por Lusa

País

JMJ2023

 

A Praça do Obradoiro, a principal e mais famosa de Santiago de Compostela, por ali se situar a catedral, rapidamente denuncia ser o epicentro da PEJ dadas as centenas de jovens que ali estão, a quantidade de mochilas e sapatilhas espalhadas pelo chão, além das bandeiras de diferentes países que abanam no ar.

Contudo, a peregrinação não fica circunscrita à catedral, que acolhe os restos do apóstolo Santiago, mas espalha-se pelas ruas, praças, jardins e igrejas da cidade, assim como a música que se vai fazendo ouvir um pouco por todo o lado.

Mas, o que leva um jovem a fazer uma peregrinação de dias até Santiago de Compostela? A resposta, independentemente da nacionalidade, é idêntica: vivenciar uma experiência única, partilhar, amar, criar novas pontes com Deus, olhar o futuro em conjunto, mostrar que a igreja está viva e "ensaiar" para as JMJ2023, em Lisboa, para acolher da "melhor forma" o Papa Francisco, que fará o encerramento da mesma.

A alegria, a música e o barulho que se ouve ao redor da catedral contrasta com o que se vive no seu interior onde reina o silêncio, a oração e a reflexão.

E silêncio era o que imperava entre um grupo de 20 jovens, da Fraternidade `Verbum Spei´, vindos de San Sebastián (Espanha), que aguardava numa fila extensa para visitar o túmulo de Santiago onde, caso fosse permitido, deixaria um pequeno saco com mensagens que cada um deles foi escrevendo ao longo dos cinco dias em que percorreram 150 quilómetros a pé pelo Caminho do Norte.

"É uma forma de deixarmos uma marca nossa", conta Alban, de 32 anos, à Lusa.

Encarando esta peregrinação como um momento importante para tornar os jovens mais próximos da religião, Alban fala ainda numa oportunidade "fantástica" para, em conjunto, construírem o futuro.

E, falando em futuro, Alban considera a PEJ uma "espécie de rampa de lançamento" para a "aguardada" JMJ2023 onde, certamente, estará presente, disse.

Apesar de ainda faltar um ano para a JMJ2023, Elisabete Inverno, da Juventude Hospitaleira, vai lembrando quem por ela passa ao exibir uma t-shirt com o logótipo oficial do evento.

A JMJ2023, à qual tenciona ir, vai ser um evento "inovador" e uma forma de mostrar que a "igreja está viva" e que Portugal é "bom anfitrião", receando apenas que o estado de saúde do Papa se agrave e impeça a sua vinda a Portugal.

Por isso, esta peregrinação de cinco dias que fez a Santiago de Compostela, integrada num grupo de cerca de 50 jovens entre os 20 e 35 anos, funciona como uma "pré-jornada" da JMJ2023, estimou.

Uns metros à frente da catedral, junto à Igreja de San Fructuoso, que acolhe os símbolos da JMJ2023 - a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani -, ouve-se música portuguesa... é o hino da JMJ2023.

Mais de 50 jovens, com a bandeira de Portugal às costas e publicidade alusiva à jornada, gravavam o hino "Há pressa no ar" para colocar nas redes sociais e, assim, chegar a mais pessoas, sobretudo jovens.

O objetivo é divulgar "ao máximo" a JMJ2023 para, assim, atrair peregrinos de todas as nacionalidades, contou à Lusa o diretor do `Caminho 23´ do Comité Organizador Local (COL), Afonso Virtuoso.

Ao longo da curta conversa, sem que nunca tenha desviado a atenção da gravação do hino, Afonso Virtuoso classificou a JMJ2023 como uma "grande oportunidade" para a igreja e o país, assim como a "melhor forma de recomeçar" após a pandemia de covid-19.

E a peregrinação de cinco dias que este grupo, com jovens de norte a sul de Portugal, fez a Santiago é tida como um "duplo caminho": caminho em direção a Deus e à JMJ2023.

Já sobre como se cativam os jovens para esses caminhos, a resposta foi rápida e simples: "com autenticidade".

À autenticidade, Enrico Concetto, da Diocese de Roma, em Itália, juntou amor.

No final de seis dias de peregrinação com mais 30 jovens, Enrico Concetto, apesar de cansado, assumiu que o sentimento é de "alegria e paz interior".

Esta caminhada, acrescentou, mais do que importante para cada um daquele que a fez é "muito importante para preparar" Lisboa onde, referiu, já está o foco dos que aqui se encontram.

A PEJ2022, que arrancou quarta-feira, termina domingo com a celebração da eucaristia presidida pelo cardeal António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima e enviado especial do Papa.

Além da vertente religiosa, com orações, confissões, catequeses e missas, a peregrinação proporciona aos mais de 12 mil jovens oficinas, espetáculos e visitas culturais.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 01 e 06 de agosto de 2023, prevendo-se a participação de centenas de milhares de jovens e do Papa Francisco, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

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