Fogo que queima pasto é mais uma preocupação para pastores do Alvão

O incêndio que hoje lavra no Alvão, em Vila Real, é mais uma preocupação para os pastores de vaca maronesa e cabras que percorrem a serra de pastos já muito secos devido à falta de chuva.

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Lusa
23/08/2022 17:29 ‧ 23/08/2022 por Lusa

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Incêndios

 

Manuel Relvas é de Lamas de Olo e pastoreia cinco vacas maronesas no Parque Natural do Alvão (PNA). A vista de hoje é do fumo do incêndio que lavra desde manhã na serra e que deixa, à sua passagem, uma paisagem pintada de negro e que representa menos pasto para o gado.

"É um bocado preocupante, arde tudo e ficamos sem pasto para o gado", afirmou o pastor de 70 anos.

E sem pasto, acrescentou, "tudo fica mal". "Tem que se comprar alimento para o gado", lamentou.

O incêndio é mais uma preocupação a acrescentar ao ano difícil já devido à seca intensa que afetou as pastagens que servem de alimento para os animais.

Antes de levar as vacas para a serra, o pastor esteve na zona do fogo. "Fui ver e ajudar os vizinhos que têm lá as vacarias, temos que nos juntar e ajudar uns aos outros. Lá só ardeu monte, só o pasto para o gado", salientou.

Em jeito de desabafo apontou: - "Temos que nos aguentar com o que vier".

Mais à frente, João Carvalho anda hoje com o rebanho de cabras do cunhado. Segue pela serra com mais de 200 animais à procura de alimento. "Este ano não está bom, é a seca, é tudo. Estou preocupado, sim, não gosto de ver o lume a arder", disse, referindo-se ao incêndio que lavra no monte oposto.

Só vem, salientou, "complicar mais" a vida dos pastores.

O fogo no Alvão lavra numa zona de mato e de fracos acessos. No local os ventos fortes são uma preocupação para os operacionais.

Esta manhã foi dado um alerta para um fogo junto à área percorrida pelo incêndio que deflagrou no domingo, na zona da Samardã, no concelho de Vila Real e que entrou em fase de resolução ao início da noite de segunda-feira.

Independentemente de se tratar de uma reativação ou de um novo incêndio, o comandante distrital de operações de socorro (CODIS) de Vila Real, Miguel Fonseca, afirmou pelas 13:00 que o objetivo "é debelar o quanto antes a frente ativa que arde com bastante intensidade em pleno coração do PNA".

Pelo perímetro do incêndio de Vila Real verificaram-se algumas reativações durante a tarde que foram, segundo fonte da Proteção Civil, "atacadas com sucesso".

Segundo o 'site' da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 17:00 estavam mobilizados para este incêndio 322 operacionais, 95 viaturas e cinco meios aéreos.

No distrito de Vila Real estavam ativos, à mesma hora, quatro incêndios. Para além do fogo no Alvão, havia ainda um incêndio que teve início domingo, em Rojão do Meio, Mesão Frio, e estava a ser combatido por 123 operacionais, 37 viaturas e quatro meios aéreos.

Em Valverde, Valpaços, o alerta para o fogo foi dado pelas 16:00 e para o terreno estavam mobilizados 59 operacionais, 17 viaturas e dois meios aéreos.

Por fim, no Alto de Cache, Mondim de Basto, um outro incêndio está a ser combatido por 67 operacionais, 14 viaturas e dois meios aéreos.

Leia Também: Vila Real. Frente ativa arde com intensidade no Parque Natural do Alvão

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