Depois de terem reunido com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, os médicos Internos de Medicina Interna asseguraram aos jornalistas que, se as coisas continuarem assim, de "certeza que neste inverno vão haver lacunas".
Sara Pereira, interna do 5.º ano do Hospital de Matosinhos, falou em nome dos colegas indicando que querem, acima de tudo, "que se cumpra a lei".
"Não queremos trabalhar mais do que aquilo que por lei é exigido, porque estamos exaustos", frisou.
"Faz falta a ministra perceber que é preciso gente para trabalhar"À ministra da Saúde, Marta Temido, Sara indicou que "faz falta perceber que é preciso gente para trabalhar". "Nós não estamos a conseguir, nem especialistas nem internos, porque se um médico é escalado vezes sem conta para uma urgência, vai faltar no internamento a seguir", alertou a interna de Matosinhos.
Quanto aos médicos tarefeiros, a formanda indica que "é uma sensação de injustiça", mas que, mais do que falar em salários, os profissionais só querem "descansar um bocado".
"Estamos falsamente a achar que estamos a resolver as coisas e não estamos a resolver nada", sublinhou.
Sara Pereira detalha ainda que há colegas que são "dos melhores", mas que se encontram em "burnout" porque "simplesmente não aguentam". A interna frisa que os recursos humanos são demasiados escassos para a quantidade de doentes em simultâneo que têm de assegurar.
A interna garante que não estão "disponíveis para compactuar com isto" nem para "aturar isto". "Muitos escolhem o caminho mais fácil", detalha a médica indicando que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não dá condições de segurança ou reconhecimento aos médicos para que permaneçam.
"Não há falta de médicos, há falta de condições", lamenta acrescentando que não são só os médicos internos que estão descontentes. "Os especialistas reivindicam as mesmas coisas que nós só que, infelizmente, ainda não chegaram ao grau de união que nós", apontou
Estas declarações sucedem à carta aberta enviada no dia 16 de agosto à Ministra da Saúde, Marta Temido, na qual assinaram 416 dos 1061 Médicos Internos de Medicina Interna de todo o país.
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