"Nós sabemos que a guerra na Ucrânia não é uma guerra europeia, mas um guerra global envolvendo três principais atores geopolíticos: Rússia, Estados Unidos da América e União Europeia", afirmou o chefe de Estado no discurso nas Conferências do Estoril, que começaram hoje na Nova School Business & Economics (SBE), em Cascais, uma intervenção feita em inglês.
Na análise de Marcelo Rebelo de Sousa, "o resultado imediato da guerra pode ser, quando chegar, um alívio temporário, mas não o fim das causas e da forte probabilidade de novas fases do mesmo conflito global".
"Nós sabemos que a Rússia quer recuperar o poder global e não apenas manter um forte poder regional. Nós sabemos que os Estados Unidos querem mostrar que são uma superpotência", sublinhou.
De acordo com o Presidente da República, "a China quer ganhar tempo" depois do insucesso na gestão da pandemia e da recuperação económica, pretendendo ainda "convencer alguns países não europeus de que pode ser, ao mesmo tempo, ideologicamente e politicamente alinhada com a Rússia e um árbitro imparcial numa guerra declarada pela mesma Rússia".
À saída das conferências, questionado pelos jornalistas sobre estas ideias deixadas na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que se limitou "a chamar a atenção para o facto de que este ano, além naturalmente do desafio do clima, além do desafio do digital e da energia", haver "um problema muito atual que é qual vai ser o equilíbrio de forças do mundo depois da guerra e qual vai ser o conjunto de efeitos do período pandémico que em muitos casos ainda não terminou".
"E depois disse que o grande problema chama-se inclusão. O mundo está cada vez mais desigual, a liberdade é fundamental, a democracia é fundamental, mas infelizmente não chegam porque liberdade e democracia com desigualdades sociais, económicas e políticas e com uma situação em que são sempre os mais pobres e os mais sofridos que mais sofrem, isso significa que a grande reflexão este ano tem que passar pela inclusão", defendeu.
Como a ideia destas conferências é debater "um novo estímulo, um novo sonho, uma nova vontade", para o chefe de Estado "isso é sobretudo para os mais novos".
"Os mais velhos podem ajudar, podem apoiar, mas ou há uma liderança da mudança pelos mais novos ou as sociedades, sobretudo as europeias, ficam velhas, velhas, velhas e não é que os mais idosos ou mais experientes não tenham um papel a desempenhar, mas a mudança vem da juventude", justificou.
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