"Creio que vamos ter condições para, eu diria que no próximo ano, termos essa decisão. Tenho tido contactos com o novo líder do PSD, acho que não estaremos muito distantes de podermos fixarmo-nos sobre uma metodologia para a realização da avaliação ambiental estratégica que é necessária entre as diferentes soluções possíveis", afirmou António Costa.
O primeiro-ministro falava numa entrevista à TVI/CNN Portugal conduzida pelos jornalistas José Alberto de Carvalho e Pedro Santos Guerreiro.
Questionado sobre se vão ser estudadas novas localizações para além de algumas já conhecidas, o primeiro-ministro disse não querer perturbar o diálogo com o líder do PSD, Luís Montenegro, que tem decorrido "de forma serena".
Perante a insistência da pergunta, Costa respondeu que vai ser feita a avaliação ambiental estratégica às alternativas que tanto ele como Montenegro entendam que devem ser sujeitas a essa avaliação.
"E depois da avaliação ambiental estratégica concluída se tomará uma decisão final", vincou.
Costa sublinhou que tem insistido desde 2015 para que "grandes projetos de obras públicas devem merecer o apoio de pelo menos dois terços dos partidos representados na Assembleia da República", uma vez que são obras a executar para décadas.
"Consumirmos um ano que seja para podermos ter uma decisão definitiva para um problema que se arrasta há mais de 50 anos, abençoado ano que vamos investir até final de 2023", acrescentou.
Questionado sobre se o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, tem estado presente nas reuniões entre o primeiro-ministro e Luís Montenegro, Costa respondeu: "O ministro Pedro Nuno Santos estará presente nos momentos em que tivermos de encerrar o acordo e sobretudo em que tivermos de executar o que for decidido porque é o ministro de Infraestruturas e Habitação que necessariamente que vai pôr em prática".
Confrontado novamente com a questão, Costa não respondeu.
"Vamos cingir-nos ao seguinte: acho que muito brevemente estaremos em condições de haver um entendimento entre o Governo e o PPD/PSD sobre a metodologia a seguir para uma avaliação ambiental estratégica que permita ao país ter uma decisão no final de 2023 e que, desejavelmente, e tudo farei para que assim aconteça, seja uma decisão que tenha não só o apoio deste governo, que tenha pelo menos o apoio do principal partido da oposição e, se possível, de todos os outros partidos", vincou.
Recentemente, o presidente do PSD admitiu que pode haver condições para "uma convergência de posições" com o Governo sobre o futuro aeroporto internacional e defendeu que o projeto que prevê a localização em Santarém "deve, pelo menos, ser ponderado".
O primeiro-ministro foi ainda questionado sobre as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que considerou na semana passada desnecessárias mais interconexões para transporte de gás entre a Península Ibérica e França, ao contrário do que têm defendido Portugal, Espanha e a Comissão Europeia.
Costa começou por referir que a Comissão Europeia definiu este projeto como prioritário e já referiu que "se a França continuar a bloquear que esse gasoduto atravesse o território francês lançará o projeto da interconexão ser feita diretamente de Espanha para Itália" por via marítima.
O primeiro-ministro disse esperar que a França abra a sua fronteira a este gasoduto "o mais rapidamente possível" e que não seja necessário adotar este "plano B", mesmo compreendendo que aquele país tenha interesses na venda de energia nuclear.
[Notícia atualizada às 22h53]
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