"Correr bem para Angola é correr bem para Portugal"

Marcelo marcará presença na tomada de posse de João Lourenço, esta quinta-feira, e destaca a importância da entrada em funções do presidente, mas também do parlamento, que agora "ecoa" o "pluralismo".

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© Jesus Merida/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
14/09/2022 20:20 ‧ 14/09/2022 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Angola/Eleições

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou, esta quarta-feira, que o futuro em Angola "continua" a construir-se nos próximos dias e que o mais importante é que haja "maturidade", num ambiente muito difícil, nomeadamente devido à pandemia e à guerra, mas também mais plural.

Em declarações aos jornalistas, em Angola, Marcelo começou por ser questionado sobre as suas expetativas sobre a cerimónia de investidura do presidente angolano reeleito, João Lourenço, na sequência das eleições de 24 de agosto, e cujos resultados têm sido contestados pela oposição. 

"Considero muito importante que, depois de uma eleição muito disputada, haja, por um lado, a entrada em funções do presidente reeleito (...) e, por outro lado, é importante que todos os partidos políticos que tiveram eleição para o parlamento, nele tenham o protagonismo que permite dar voz àqueles e àquelas que representam. Isso é muito importante e dá uma grande força ao sistema político, que é feito disso mesmo, do pluralismo", disse o chefe de Estado português.

Lembrando que em Angola há o poder executivo, desempenhado pelo presidente, e o parlamento, "que ecoa o pluralismo manifestado num período eleitoral muito intenso", Marcelo destacou que "não deixa de haver divergências, mas há visão de futuro".

Questionado sobre a questão de "legitimidade" de João Lourenço, colocada em causa pela oposição, o Presidente português sublinhou que "o mais importante" é que haja "maturidade", sobretudo devido à guerra, à pandemia e à crise económica, e lembrou que uma situação semelhante ocorreu em Portugal, em 2015, após as legislativas disputadas entre António Costa e Pedro Passos Coelho, que deu origem à 'geringonça'.

"Nós tivemos um debate sobre legitimidade em Portugal em 2015/2016 quando eu assumi funções, discutia-se sobre a legitimidade das forças que iam exercer governo, uns diziam que deviam ser uns, outros que deviam ser outros, de acordo com a leitura diversa das eleições", lembrou.

"O mais importante é que (...) haja a maturidade", defendeu, referindo que isso se traduz no facto de o debate sobre legitimidade não afetar "o funcionamento das instituições".

"Aqui o importante é que o presidente assuma as suas funções, e que o poder executivo funcione, e o parlamento tenha todos os membros eleitos a assumir as suas funções e que o parlamento tenham um papel que é muito importante na Constituição deste grande país e corra bem para Angola", notou.

"Correr bem para Angola é correr bem para Portugal", concluiu.

Quanto ao impedimento de manifestações e detenção de ativistas, que têm ocorrido nos últimos dias, defendeu que há também maturidade na forma como os que vão ocupar o parlamento "independentemente do juízo que têm sobre o ato eleitoral, terem percebido e terem dado como linha de orientação o não à violência, o não ao confronto e ao conflito".

O Presidente da República elogiou o "grande cuidado em relação àquilo que seria a manifestação no contexto das tomadas de posse", considerando que se tratou de um "prenúncio de uma sociedade que tem pluralismo e tem diversidade"

E "tendo um poder  que foi considerado vencedor, de acordo com os resultados oficiais" reflete no Parlamento e na sociedade em geral "várias maneiras de pensar".

"O futuro constrói-se dessa dialética, dessa capacidade de construção de alternativas numa sociedade que se quer plural e aberta", realçou o chefe de Estado.

Sem querer comentar as detenções, casos "que pertencem a vida interna do país", Marcelo Rebolo de Sousa indicou que "a História está cheia de exemplos de como é muito importante, mesmo quando há forças que têm uma maioria do exercício de poder político, haver outras forças que, sendo minoritárias e porventura achando, que deveriam ter uma representação maior e outro espaço de intervenção, sabem que não há fim da história"

"Angola tem à sua frente uma história que vai muito para além de amanhã e depois de amanhã", complementou, insistindo na certeza de que "há uma grande maturidade do povo angolano" que se viu antes, durante e no período pós-eleitoral e que se vai continuar a assistir nos próximos anos.

Recorde-se que João Lourenço e o seu partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) foram declarados vencedores das eleições gerais de 24 de agosto. Os resultados são contestados pela oposição.

Reeleito Presidente de Angola para os próximos cinco anos, João Lourenço toma posse na quinta-feira, 15 de setembro, e os deputados eleitos serão investidos na sexta-feira.

[Notícia atualizada às 22h11]

Leia Também: Angola. Funcionamento das instituições não se esgota no voto, diz Marcelo

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