"A Rússia quer que o mundo se habitue à guerra, que aceite a guerra e, simplesmente, se esqueça dela. Isso nunca deve ser uma realidade", disse a embaixadora na inauguração da exposição intitulada "Mãe, eu não quero a guerra!", em exibição na Embaixada da Polónia e na Embaixada da Ucrânia em Lisboa.
A exposição apresenta desenhos históricos das crianças polacas de 1946, que constituem um relato das suas experiências do tempo da Segunda Guerra Mundial e da ocupação da Polónia pela Alemanha nazi de 1939-1945.
"O mundo deve olhar para as crianças e ouvir as crianças, porque elas são o nosso presente e o nosso futuro", disse Ohnivets, na sua intervenção na sessão, onde criticou duramente a invasão russa do seu país, ao lado da embaixadora da Polónia em Portugal, Joanna Pilecka.
A embaixadora polaca lembrou uma frase do pedagogo Janusz Korczak, que dizia que "uma criança não é um soldado, não defende a sua pátria, embora sofra com ela", para apresentar o mote da exposição hoje inaugurada, apelando a que as pessoas também olhem para a guerra "através dos olhos das crianças, ouvindo as suas emoções".
Inna Ohnivets disse que as crianças "são, sem dúvida, os mais afetados pela guerra, ao assistirem à destruição e aos crimes horrendos, que os privam de uma infância feliz", lembrando que há muitos jovens entre as mais de cinco milhões de pessoas que foram obrigadas a abandonar a Ucrânia, por causa da invasão russa.
"E o mais chocante é que a vida de 383 crianças foi perdida para sempre, 747 crianças ficaram feridas, e o destino de centenas de crianças ucranianas, que foram levadas ilegalmente para a Rússia pelos invasores, é desconhecido", denunciou a embaixadora.
A exposição, patente nos gradeamentos da Embaixada da Ucrânia e da Embaixada da Polónia em Lisboa pode ser visitada até 16 de outubro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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