Debate ONU. "Espero que Rússia venha a dar-se conta do enorme opróbrio"

O ministro dos Negócios Estrangeiros espera que o debate geral da 77.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) faça a Rússia refletir e começar a encontrar uma saída para a guerra na Ucrânia.

Notícia

© Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
20/09/2022 07:23 ‧ 20/09/2022 por Lusa

País

Guerra na Ucrânia

"Eu espero que ao longo desta semana a Rússia venha a dar-se conta do enorme opróbrio que resulta da sua invasão da Ucrânia", afirmou João Gomes Cravinho, em declarações à agência Lusa e à rádio Antena 1, em Nova Iorque, sobre o debate geral entre chefes de Estado e de Governo na Assembleia Geral da ONU, que começa hoje.

O ministro assinalou que a Federação Russa é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, "portanto, daqueles que têm responsabilidade mais elevada face à Carta das Nações Unidas", e "atropelou a Carta de uma forma perfeitamente visível para todos" ao invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro dando início a uma guerra que já leva quase sete meses.

"Os ataques à soberania e à integridade territorial da Ucrânia são perfeitamente indesculpáveis face àquilo que é o documento fundacional das Nações Unidas. E eu penso que ao longo destes próximos dias haverá muitas oportunidades para a Rússia refletir sobre aquilo que são os pontos de vista da comunidade internacional e a forma como a comunidade internacional reage a esta atitude da Rússia", considerou.

João Gomes Cravinho anteviu que "não haverá unanimidade" na Assembleia Geral da ONU, até porque "há sempre cinco, seis países que apoiam a Rússia independentemente do que seja o caso, o assunto", mas "haverá um apoio esmagador em relação à Ucrânia".

"Vimo-lo ainda recentemente, na sexta-feira, quando se fez aqui uma votação para criar uma autorização especial para que o Presidente Zelensky, obviamente impedido de se deslocar devido à invasão do seu país pela Rússia, falasse à Assembleia Geral das Nações Unidas por videoconferência. Isto normalmente nunca no passado foi autorizado, mas houve um apoio esmagador para esse pedido feito pela delegação da Ucrânia", referiu.

Segundo o ministro, "é muito claro para todos que nesta guerra há um agressor e um agredido" e que "a Ucrânia que está num processo de autodefesa".

"Infelizmente, a Rússia tem demonstrado ter muito pouca sensibilidade em relação àquilo que são as regras e as convicções da comunidade internacional. Mas a nossa expectativa é que eles aproveitem esta oportunidade para ir ouvindo e que procurem agora começar a encontrar uma saída", acrescentou.

Questionado sobre a posição que Portugal assumiu em relação à candidatura da Ucrânia à União Europeia, João Gomes Cravinho defendeu que essa "é uma questão que é muito complexa e que não pode nem deve ser tratada como mera consequência da invasão" pela Rússia, que não constitui "por si só uma razão para imediatamente se aceitar a Ucrânia".

"Mas nós falámos sempre com grande abertura, honestidade, frontalidade com os ucranianos. E isso creio que é muito apreciado pela Ucrânia. Tanto assim que quando fui a Kiev em finais de agosto fui recebido pelo Presidente Zelensky -- o Presidente Zelensky não recebe todos os ministros de Negócios Estrangeiros que por lá passam, mas fez questão de receber-me a mim -- e, devo dizer, de braços abertos, tanto o meu colega, Dmytro Kuleba, o ministro de Negócios Estrangeiros, como o próprio Presidente Zelensky", assinalou.

De acordo com o ministro, Portugal tem com a Ucrânia "uma relação que é de proximidade, de abertura", que não é afetada pela falta de "homogeneidade de pontos de vista".

A 77.ª sessão da Assembleia Geral da ONU tem como lema "Soluções por meio da solidariedade, sustentabilidade e ciência". O tema do debate geral é "Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados".

Seguindo a tradição na ONU, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, será o primeiro a discursar no debate geral, que começa hoje.

A intervenção do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, está prevista para quarta-feira.

Em representação de Portugal, intervirá na quinta-feira o primeiro-ministro, António Costa.

Leia Também: Costa hoje na abertura do debate geral na ONU e com comunidade portuguesa

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas