Jorge Pracana, o advogado de defesa de João Carreira, o jovem que planeou um suposto ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, recusou-se a tecer comentários aos depoimentos da Polícia Judiciária, que alega que, quando detiveram João, este disse que já deveria ter perpetrado o ataque antes.
"O que eles disseram está dito e não vou fazer mais comentários. Apenas me importa que no final a verdade venha ao de cima", afirmou à saída do tribunal, esta terça-feira.
Em declarações à RTP, o advogado já tinha endereçado críticas ao diretor da PJ, por considerar não ser necessário ter criado um "alarme daquela dimensão quando afinal se vem a apurar um conjunto de circunstâncias que não o justificavam".
Sobre o depoimento que deu hoje, o advogado afirma que João Carreira, "disse muita coisa contra ele [próprio] e disse outras a favor".
Das que disse a favor, destaca o facto de ter afirmado ter ficado aliviado quando foi detido, por não saber se teria de coragem de avançar com o ataque e matar alguém.
Recorde-se que João Carreira, suspeito de planear um ataque terrorista à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi detido em fevereiro pela Polícia Judiciária.
Em julho, o estudante, de 19 anos, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de terrorismo, um dos quais na forma tentada, e de um crime de detenção de arma proibida.
A 11 de fevereiro de 2022 João ficou em prisão preventiva, tendo a medida de coação sido substituída, posteriormente, por internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias, com o MP a alegar "forte perigo de continuação da atividade criminosa e um intenso perigo de perturbação da tranquilidade e da ordem públicas".
A detenção do jovem ocorreu no dia 10 de fevereiro, após indicação do FBI (que surgiu a partir de uma denúncia de um utilizador) e na véspera da data que tinha definido para levar a cabo o ataque ao estabelecimento de ensino superior que frequentava.
Além de armas proibidas - entre as quais uma besta e várias facas - foram apreendidos outros artigos, "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear", segundo a nota divulgada então pela PJ.
De acordo com a acusação do MP, João Carreira começou a mostrar interesse pelo fenómeno dos assassínios em massa em 2012, com apenas 9 anos, que se viria a desenvolver a partir de 2018, com 14/15 anos, para "um fascínio e uma obsessão" por este tipo de conteúdos, consumindo de forma "compulsiva" através de redes sociais, aplicações e fóruns online, nomeadamente, Discord, Reddit e Tumblr.
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