Interconexões? "Estou perplexo com o que ouvi este fim de semana"

António Costa, reagiu ao ser questionado pelos jornalistas, à margem do Fórum para as Competências Digitais, sobre o acordo de interconexões ibéricas de energia. Para Portugal, é "claramente vantajoso". 

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images)

Notícias ao Minuto com Lusa
24/10/2022 10:43 ‧ 24/10/2022 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

António Costa

"Estou absolutamente perplexo com o que ouvi ao longo deste fim de semana pelo PSD e por outras pessoas que tinham a obrigação de ser minimamente informadas sobre este acordo". Foi deste modo que, na manhã desta segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, reagiu ao ser questionado pelos jornalistas, à margem do Fórum para as Competências Digitais, sobre o acordo de interconexões ibéricas de energia. 

"O PSD não me surpreende propriamente, porque o PSD, há 15 anos, foi contra as energias renováveis, ainda há cinco anos era contra a utilização do hidrogénio verde, e, portanto, também é natural que, agora, esteja contra um corredor verde para a energia", sublinhou. 

Em seguida, o chefe de Governo explicou quais os motivos da sua perplexidade: "Ouvi dizer que foram abandonadas as interconexões elétricas. As interconexões elétricas não foram abandonadas. Pelo contrário, França até tem vontade de as incrementar e já o ano passado, entre a França e a Espanha tinha sido assinado o acordo para fazer avançar as duas interconexões elétricas e, portanto, não era isso que, neste momento, estava a bloquear as interconexões". 

Pelo contrário, "o que estava a bloquear as interconexões era o que tinha a ver com o gasoduto". Agora, acrescentou Costa, "conseguiu-se desbloquear um acordo político entre os três países para que se estabeleça essa interconexão"

E "o que permitiu fazer avançar?" O primeiro-ministro também respondeu: "Este corredor verde vai ser, sobretudo, vocacionado para o transporte de hidrogénio e outros gases renováveis e subsidiariamente e transitoriamente também para o gás natural". E isto, para Portugal, é "claramente vantajoso"

"Nós não produzimos gás, mas produzimos e podemos produzir hidrogénio verde e outros gases renováveis. Esta infraestrutura deixa de ser meramente para transportar o gás que seria descarregado em Sines para passar também a servir a produção nacional"

Recorde-se que o PSD requereu um debate parlamentar de urgência sobre o acordo de interconexões ibéricas de energia, para a próxima quinta-feira, esperando a presença do primeiro-ministro, António Costa, anunciou o vice-presidente social-democrata Paulo Rangel.

"O grupo parlamentar requereu um debate de urgência sobre o tema 'Acordo de interconexões ibéricas de energia', a ser tido em reunião plenária extraordinária, para o qual requer a presença do senhor primeiro-ministro. Tal reunião poderá ter lugar na próxima quinta-feira, após a conclusão da sessão agendada, o que, aliás, facilita a presença do senhor primeiro-ministro", disse Paulo Rangel em conferência de imprensa, no Porto.

O social-democrata acrescentou que o PSD considera tratar-se de uma "questão de interesse estratégico nacional", pelo que "não se conforma com um acordo que prejudica [o país] e prejudica a Europa, e não aceita nem a propaganda do Governo e do PS, nem a arrogância de quem se acha dono e senhor do interesse nacional". "Felizmente, numa democracia, ninguém tem o monopólio da definição e defesa do interesse nacional", disse, este domingo. 

O que está em causa? 

Portugal, Espanha e Franca decidiram, na quinta-feira, avançar com um "corredor de energia verde", por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).

O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde serão debatidos em dezembro em Alicante, Espanha.

Os três países irão começar imediatamente o trabalho preparatório para avançar com o BarMar e também sobre o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, "em ligação estreita com a Comissão Europeia", segundo o acordo.

Ficou ainda definida a necessidade de "concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa)".

As infraestruturas que serão criadas para a distribuição de hidrogénio "deverão ser tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como fonte temporária e transitória de energia".

[Notícia atualizada às 10h55]

Leia Também: Marcelo diz que acordo para interconexões ultrapassou "beco sem saída"

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