Eanes recorda "homem-símbolo" que recusou destino e seguiu as suas opções

O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes recordou hoje Adriano Moreira, que morreu no domingo, como "um homem-símbolo", que "recusou sempre o destino e seguiu as suas opções".

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Lusa
24/10/2022 12:34 ‧ 24/10/2022 por Lusa

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Adriano Moreira

sua família, dirijo sentidas condolências, na certeza de que o legado de Adriano Moreira, pelo muito que fez pelos portugueses e pela sua história, merece ser considerado um dos nossos maiores, um homem-símbolo de referência, que nos motive e inspire", refere o general, numa nota enviada à Lusa.

Ramalho Eanes salientou que, ao longo da sua vida, "Adriano Moreira recusou sempre o destino e seguiu as suas opções, em consonância com os seus princípios e opções, por mais difíceis que fossem".

"Mesmo não acreditando inteiramente nas crenças do Estado Novo, acabou por aceitar ser ministro de Salazar, produzindo reformas de grande mérito político-humanístico nas colónias", salientou, destacando igualmente o seu contributo para "atualizar as Forças Amadas e prestigiar a instituição militar".

"E, após regressar do Brasil, tão capaz foi de bem exercer funções de destaque -- tanto na vida académica como na política, que deve visar, sem distinções, o bem comum -- no regime democrático com o tinha sido no regime anterior, sendo reconhecido por todos os quadrantes", considerou.

O antigo Presidente da República entre 1976 e 1986 recorda que Adriano Moreira foi "filho de uma família com poucas condições" e cedo "se consciencializou de que a vida não é fácil".

"É, aliás, a consciência desse facto que, numa manifestação operacional de «vontade boa», leva Adriano Moreira a chegar longe", refere, elogiando-lhe qualidades como a "coragem, decisão, constância de propósito, capacidade de trabalho, desejo de se perfectibilizar e de permanentemente contribuir para perfectibilizar todas as situações que viria a viver, em todas as organizações e instituições em que iria servir".

Recorrendo a uma citação do filósofo Immanuel Kant, o general recorda Adriano Moreira como possuindo "uma vontade boa", que se manifestou desde cedo quer no seu percurso académico-estudantil, quer, ainda, profissional.

"Verdade é que, como disse [Miguel] Torga, com justa profundidade antropológica, «Somos nós que fazemos o destino»", destaca Ramalho Eanes, no texto enviado à Lusa.

Adriano Moreira foi ministro do Ultramar no período da ditadura (1961-1963) e deputado e presidente do CDS-PP já em democracia, mantendo sempre ligação à universidade e à reflexão em matéria de Relações Internacionais.

Com 100 anos completados em 06 de setembro passado, foi condecorado pelo Presidente da República em junho com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.

O velório de Adriano Moreira, segundo fonte oficial do CDS-PP, está marcado para hoje a partir das 20:00, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, local para onde está marcada uma missa, no dia seguinte, terça-feira, às 12:00.

Segue-se o funeral que será reservado à família de Adriano Moreira.

Leia Também: As homenagens (e os silêncios) no adeus ao "príncipe da política"

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